Folha de S. Paulo


Mau tempo faz preço da avelã disparar e consumidor final pode ser afetado

Os fabricantes de chocolate, que já enfrentam o aumento do preço do cacau, agora encaram uma nova crise depois de avisos de uma escassez global de avelã.

O preço da avelã aumentou neste ano mais de 60% depois do tempo ruim devastar as plantações na Turquia, o maior produtor do mundo.

Giuseppe Cacace/AFP
Alta do preço pode encarecer os produtos que levam avelã em sua composição, como a Nutella
Alta do preço pode encarecer os produtos que levam avelã em sua composição, como a Nutella

Cerca de 70% da produção mundial de avelã cresce nas encostas íngremes da Turquia, próximo à costa do Mar Negro, porém neste ano a colheita despencou devido a tempestades e geadas que destruíram as flores da avelã num momento crítico da temporada.

O preço da avelã atingiu US$ 10.500 (R$ 23.818) por tonelada, comparado a US$ 6.500 (R$ 14.740) em fevereiro, de acordo com Michael Stevens, um negociante de Edimburgo, na Escócia.

A extensão total dos danos ainda não são claras, mas a indústria turca se preparou para uma safra de 800 mil toneladas e que pode ser, devido às chuvas e à geada, de apenas 540 mil toneladas.

Esse cenário chega enquanto as empresas já encaram a disparada dos preços da amêndoa, cacau e café –um pesadelo em potencial para quem gosta de aproveitar um chocolate Ferrero Rocher depois de um café.

O aumento do preço da avelã é particularmente duro para compradores de algumas das maiores companhias de confeitos, como a Cadbury, que tem entre os seus sucessos de vendas o "Whole Nut", que leva avelã em sua composição.

O porta-voz do conglomerado americano Mondelez, que é dono da Cadbury, não quis comentar se a crise no setor fará o preço das suas barras de chocolate aumentar.

A Ferrero, empresa que faz o Ferrero Rocher e a Nutella, que usam cacau e avelã, vai observar o mercado de perto. A Ferrero é o maior comprador de avelã do mundo, usando 25% do estoque do mercado mundial, de acordo com a agência de comércio italiana.

Porém, a empresa pode ficar a salvo dos últimos aumentos de preços depois de comprar o maior empresa de processamento de avelã da Turquia, a Oltan.

O negócio da compra da Oltan, que possui oito fábricas descascando, cortando e assando a avelã, foi considerado uma tentativa de liquidar os outros fabricantes, que estão desconfortáveis por um de seus fornecedores cair nas mãos de seus concorrentes.

Enquanto isso, os preços das amêndoas estão no nono ano seguido de alta devido à seca na Califórnia, o maior produtor do mundo.

O preço do cacau também enfrenta há três anos uma alta nos preços devido aos consumidores da China e da Índia –com duas das maiores populações do planeta– terem adquirido gosto pelo chocolate.


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