Folha de S. Paulo


Tecnologia elevará produtividade da soja, afirma multinacional

O Brasil está pronto para um avanço substancial na produtividade de grãos. Um deles será na soja, a principal cultura no país.

Novas tecnologias, investimentos de produtores e acompanhamento das indústrias de insumos nesse processo de produção vão permitir a chegada das esperadas cem sacas por hectare já nos próximos cinco anos.

Mas o produtor terá de estar disposto a olhar o investimento como retorno, e não apenas como custo.

Essa é a visão de Laercio Valentin Giampani, diretor-geral da Syngenta, empresa que tem um programa de produtividade integrado.

Para ele, esse programa garante evolução de 20% ao ano na produtividade. O aumento não ocorre em canteiros de ensaios, mas em escala de produção comercial.

Giampani diz que boa parte do país já está pronta para essa evolução. A região Sul será uma das áreas que vão atingir essa meta.

Na safra 2014/15, menos castigada pelo clima do que na última, o Paraná teve média de 55 sacas por hectare.

Em algumas regiões do Estado, a produtividade é de 66 sacas (próxima de 4.000 quilos), apontam cooperativas.

Giampani diz que o produtor pode ir além, saindo dessa zona de conforto de 4.000.

Mato Grosso, o líder nacional na produção de soja, deverá obter 53 sacas na safra 2016/17, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). Já o oeste do Estado obtém produtividade média de 55 sacas.

Em outras regiões do país, como as novas fronteiras do Piauí e do Maranhão, a situação é mais complexa.

Giampani diz que a Syngenta não só acredita nessa evolução como quer ser a líder nesse processo. O programa da empresa assegura, por meio de um protocolo de agricultura de precisão e assistência técnica, que o produtor tenha aumento de produtividade e boa relação entre custo e benefício.

RENDA

"Um dos objetivos é obter mais com menos e ter uma agricultura sustentável." Essa sustentabilidade visa não só o aspecto ambiental mas também gerar renda e capacidade de o produtor investir e se manter na atividade.

Esse protocolo entre a empresa e agricultores busca levar tecnologia e ver as dependência dos produtores.

A estratégia é materializar tecnologias de sementes, agroquímicos e serviços de precisão com assistência técnica e um protocolo definido.

Esse protocolo vai do antes do plantio ao pós-colheita, incluindo tratamento de sementes e no mínimo duas aplicações de fungicidas.

O processo envolve parcerias entre tecnologia de sementes, fertilização do solo, agricultura de precisão e previsão de clima. O depois da colheita inclui a venda.

"Não queremos ser tudo isso, mas fazer associações. Hoje, por exemplo, suportamos parte da comercialização do agricultor, sem ser trading", diz Giampani.

É preciso olhar todo o caminho de produção, e a empresa não pode ficar restrita apenas às suas origens.

Pelo menos 40% das vendas de sementes e de agroquímicos da Syngenta são feitas pelo sistema "barter". A empresa faz a oferta de sementes, de tecnologia e de serviços a um valor convertido em sacas. Em seguida, faz uma parceria com uma trading da região do produtor.

"Por que no futuro não podemos fazer o mesmo até com máquinas? É algo que há algum tempo não se pensaria."

Para ele, as empresas vencerão fazendo isso, mas cada uma encontrará seu caminho. O caminho da Syngenta já começou, diz. O programa de produtividade da empresa reuniu 2.246 produtores de soja na safra 2015/16, em uma área de 185 mil hectares.

Para a próxima safra, a empresa espera aumentar para 450 mil hectares e, em três anos, atingir 1,5 milhão.

Segundo o executivo, a produtividade média dos dez líderes de produção foi de 103 sacas em algumas áreas da propriedade.

"A proposta de hoje ainda não é um conjunto pleno. Entrego o potencial que nasce com a tecnologia de semente e que são preservados por fitossanidade e por serviços", afirma Giampani.

Mas estão na mira da empresa também atuações com plataformas de agricultura de precisão e climática.


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