Folha de S. Paulo


Ordem, talento e eficiência

Não existe vida sem ordem, organização. Os mais inventivos também precisam de regras para criar. Existe ordem até no caos. O perigo é o excesso de regras, que podem inibir a imaginação e a improvisação.

Está evidente, pelas entrevistas, por sua carreira e pelas duas últimas partidas do São Paulo, que as expressões mais importantes para o técnico Bauza são ordem, organização, definição e repetição da maneira de jogar.

No Peru, quando o São Paulo perdia por 1 a 0, o treinador colocou o centroavante Calleri no lugar do centroavante Kardec, que jogava bem, deixando em campo Centurión, que jogava mal.

Bauza queria manter o sistema tático, que funcionava bem, pois o São Paulo envolvia o adversário com facilidade e criava inúmeras chances de gol. Muitos outros treinadores mudariam o sistema tático, vários jogadores e bagunçariam a equipe.

Esse é um erro frequente dos técnicos. Mesmo quando o time joga bem, eles sentem-se obrigados a mudar, para agradar ao torcedor e/ou para dizer que não foram omissos. O time piora e perde a chance de reagir. Quando vence, por dezenas de outros motivos, o técnico é elogiado, mesmo fazendo as substituições erradas.

A dúvida de Bauza é encontrar um substituto para Centurión ou dar nova chance a ele, que consegue jogar mal mesmo quando o time joga bem. As opções, sem mudar o sistema tático, são o colombiano Wilder Guisao ou Carlinhos pela esquerda, deslocando Michel Bastos para a direita, ou Wesley, na função de Centurión, e não como um armador pelo centro. Há ainda a possibilidade de formar uma dupla com Calleri e Kardec, o que obrigaria Ganso a voltar e marcar pelo lado. Escuto muito que Alan Kardec pode jogar pelo lado ou recuado. Nunca o vi fazer isso bem.

Outros times que preservam muito a ordem e a organização são Corinthians e Grêmio.

Como Guilherme é um jogador de pequenos espaços, dificilmente irá, no Corinthians, se adaptar bem à função de um dos quatro do meio-campo, que atuam de uma intermediária à outra. Guilherme, provavelmente, será uma boa opção mais à frente ou, se Tite mudar o sistema tático, um segundo atacante, próximo a André.

O Grêmio contratou o jogador que precisava, Bolaños, um atacante rápido, habilidoso e bom finalizador. Não é um típico centroavante, o que é melhor para o estilo do Grêmio. Luan poderá atuar pelo lado ou formar dupla com Bolaños, um pouco mais recuado, pelo centro. Sairia Douglas. Por outro lado, o Grêmio se enfraqueceu com as saídas de Erazo e Galhardo, além de não ter bons reservas para os volantes Maicon e Walace. Maicon raramente erra um passe. No Grêmio, é muito elogiado por jogar o mesmo futebol que jogava no São Paulo, quando era muito criticado.

Se São Paulo, Corinthians e Grêmio são times bem distribuídos, o Palmeiras ainda tem problemas. Possui um atacante pela esquerda, Gabriel Jesus, que ataca e volta para marcar, e não tem ninguém pela direita. Dudu atua pelo centro, e Robinho é muito mais um armador do que um jogador pelo lado. Quando o Palmeiras acertar mais os contra-ataques com os velozes e habilidosos Dudu e Gabriel Jesus, o que já faz bem, ficará ainda melhor.


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