Folha de S. Paulo


Impossível escolher

RIO DE JANEIRO - O inglês Ian McCullouch, líder do Echo & The Bunnymen, afirmou à Folha ter composto "a melhor canção de todos os tempos" –algo chamado "The Killing Moon". Ao ler isto, eu disse "Epa!". Já escutei milhares de canções, envolvendo inúmeros ritmos e línguas, cantores e músicos, em discos ou ao vivo e, neste caso, tanto em estádios com 100 mil pessoas quanto em interpretações exclusivas, ao pé do ouvido. E nunca pude me decidir sobre a "melhor canção de todos os tempos".

Seria, talvez, "All of You", de Cole Porter? "Make Believe", de Jerome Kern e Oscar Hammerstein? "Fascinating Rhythm", dos Gershwin? "Let's Face the Music and Dance", de Irving Berlin? "Stardust", de Hoagy Carmichael? "You Stepped Out of a Dream", de Nacio Herb Brown e Gus Kahn? "If I Loved You?", de Richard Rodgers e também Hammerstein? "One for my Baby", de Harold Arlen e Johnny Mercer? "Send in the Clowns", de Stephen Sondheim?

E entre as brasileiras? "Carinhoso", de Pixinguinha? "Agora é Cinza", de Bide e Marçal? "Camisa Amarela", de Ary Barroso? "Último Desejo", de Noel Rosa? "Saia do Caminho", de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy? "Olhos Verdes", de Vicente Paiva? "Caminhemos", de Herivelto Martins? "Doce Veneno", de Valzinho? "A Noite do Meu Bem", de Dolores Duran? "Samba do Avião", de Tom Jobim? "Matriz ou Filial", de Lucio Cardim? "Saudades da Guanabara", de Moacyr Luz, Aldir Blanc e Paulo Cesar Pinheiro? "Como uma Onda", de Lulu Santos e Nelsinho Motta? E as muitas outras?

Ou "El Día Que Me Quieras", de Gardel e Le Pera? "Noche de Ronda", de Agustín Lara? "C'est si Bon", de Henri Betti? Impossível escolher.

Escutei "The Killing Moon". Não é a melhor canção de todos os tempos. Não é nem uma das mil melhores –do rock. E, entre estas, não se compara nem a "Mamãe Passou Açúcar em Mim", do Carlos Imperial.


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