Folha de S. Paulo


O craque e o ídolo

Ganso entrou na área e isto foi fundamental para o resultado do clássico deste domingo (29).

Para a manutenção do tabu de 14 anos, agora 23 partidas sem derrotas do São Paulo para o Palmeiras no Morumbi. Antes de seu gol, aos 11 minutos do primeiro tempo, Cuca via sua equipe cumprir à risca seu plano de jogo.

Havia retomada de bola e contra-ataque veloz. Por duas vezes, o Palmeiras esteve frente a frente com o goleiro Dênis, do São Paulo, para fazer o primeiro gol. Então, em um contra-ataque, o São Paulo chegou ao primeiro gol, cruzamento de Bruno, cabeçada de Ganso.

Tudo porque Ganso seguiu o que Muricy lhe dizia e agora Bauza reforça: invadiu a área. Aproveitou sua estatura para cabecear. Falha de Thiago Martins.

O jogo mudou. O Palmeiras era rápido e murchou. O São Paulo estava murcho e encorpou.

Os míseros dez minutos de vantagem palmeirense tornaram-se superioridade do São Paulo dentro de casa. Com pontos muito importantes para entender o crescimento de um time que meses atrás não ganhava nem como visitante nem com mando de campo no Pacaembu, sua casa improvisada.

O São Paulo agora tem mais posse de bola jogando em casa. Superou o Palmeiras durante todo o jogo neste critério, mas também na quantidade de chances de gol.

Ficou fortíssimo no contra-golpe. E nem é o ponto forte do time, muito mais perfeito nas bolas paradas.

O São Paulo em reconstrução e com chance de ganhar o maior título do ano, a Libertadores, descobriu seu craque e seu ídolo. Ganso foi o autor do gol da vitória e tornou-se o jogador mais importante da equipe. Tudo passa por seu pé, mas o novo ídolo é Maicon. O São Paulo não é mais o clube do refinamento. Ter um homem de raça seduz a arquibancada. Maicon é este cara.

É diferente no Palmeiras, por enquanto.

Não há ainda um ídolo, apesar do crescimento de Gabriel Jesus. Ainda não há um estilo formado. Nem é uma equipe rápida nem um time de posse de bola. O Palmeiras é bom quando impede a saída da defesa adversária. Foi assim durante 15 minutos do segundo tempo contra o Fluminense. Em nenhum momento aconteceu isto no Morumbi.

Cuca não cumpre o que prometeu. Pelo menos ainda não. Um time para brigar pelo título brasileiro precisa ser tão forte em casa quanto como visitante.

O Palmeiras não é. Em sete partidas fora de casa sob o comando do novo treinador, venceu só uma -perdeu quatro.

A campanha atual é superior à do ano passado, quando havia só cinco pontos em quatro jogos. Como o Palmeiras chegou a ficar em terceiro lugar, quatro pontos abaixo do líder, na 15ª rodada. Então, há tempo de sobra para recuperação. Só que é preciso corrigir erros.

O Palmeiras é forte no Allianz Parque, fraco fora de casa. São seis derrotas desde a chegada de Cuca. Sinal de que não existe milagre. Não se monta um time campeão brasileiro em dois meses.

O São Paulo demorou pouco tempo para ter um time que pode ser campeão num mata-mata. E vai usar este mês para aperfeiçoar suas qualidades no Morumbi e tentar chegar à final da Libertadores. Por enquanto, o São Paulo forte como mandante, médio em suas visitas, também não anima a ideia de ganhar o Brasileiro. Mas na Libertadores pode ir muito longe.

NOVO GUILHERME

Tite protegeu mais a defesa do Corinthians com dois volantes, Cristian e Bruno Henrique, que jogam lado a lado. Resultado: Guilherme tem mais liberdade. Como meia atrás do atacante, foi o melhor em campo neste domingo (29), contra o Sport.

SEM MURICY

A saúde tirou Muricy Ramalho do Flamengo, e a emoção rubro-negra pede rubro-negrismo. Não faz sentido.

Mas Zé Ricardo é bom técnico e ajudou o Flamengo com um posicionamento diferente, dois volantes, contra a Ponte Preta.


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