RIO DE JANEIRO - O arquiteto Alejandro Echeverri foi secretário de Desenvolvimento Urbano de Medellín, na Colômbia, cidade que se transformou em visita obrigatória para urbanistas e gestores públicos.
Escolas e bibliotecas públicas, parques e centros comunitários reconfiguraram a paisagem. Projeto urbanístico ligou áreas mais críticas da cidade ao sistema de transportes. Ações educacionais e políticas de geração de emprego e renda foram implementadas. Houve redução da violência e revalorização de áreas. Medellín está menos pior, mas não melhor o suficiente para quem vive lá.
É de onde vem a inspiração do teleférico que se espraia pelos morros do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, e provoca polêmica na Rocinha, onde ainda está no papel.
O Rio importou a obra mais aparente e esqueceu-se dos projetos complementares capazes de realizar mudanças profundas.
Participante do Arq.Futuro, fórum de debates que acontece no Rio e em São Paulo, Echeverri defendeu modelo de projeto de renovação urbana desenvolvido por universidades e discutido com empresas privadas, poder público e comunidade.
Há, no Brasil, casos de colaboração entre governos e universidades. Na UFRJ, a Coppe (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) capitaneia projetos nesse sentido. Aqui e ali, belos projetos de moradias em favelas acabam apenas bons exemplos, de alcance reduzido.
Mas a visão segmentada e a adaptação marqueteira mostram como o Rio, em particular, e o Brasil, em geral, estão longe de uma abordagem realista e consequente que transforme a qualidade de vida nas cidades.
Não é preciso muito dinheiro nem obras grandiloquentes. Vale mais construir uma teia com ações do Estado, estudos das universidades, projetos das empresas e voz das comunidades. E virar exemplo e modelo de transformação da vida urbana.