Folha de S. Paulo


Sete amigos e o sonho de toda a vida

Os sete foram criados juntos, no bairro de Maipú, na região metropolitana do Chile. E vão celebrar a amizade de mais de 20 anos realizando "o maior sonho das nossas vidas, que é ver um mundial", diz o psicólogo Rodrigo Pino, 32.

Ele é interrompido pelos berros dos outros seis integrantes do grupo, que montam uma barraca e uma churrasqueira no parque La Reina, local do último encontro da Caravana Santiago-Brasil 2014: "Chi-chi-chi-le-le-le, viva Chile!", gritam em coro, entoando o tradicional grito de guerra de apoio à seleção.

Um grupo ao lado os imita e em poucos minutos é possível ouvir em todo o espaço o mesmo grito, de outros "hinchas": "Chi-chi-chi-le-le-le, viva Chile!".

Karime Xavier/Folhapress
Rodrigo Pino (2º à esquerda) e amigos, que vão realizar
Rodrigo Pino (2º à esquerda) e amigos, que vão realizar "o maior sonho" com a viagem

Pino conta que ele e os amigos passaram "um ano e meio" implorando permissão às mulheres e namoradas para viajar sem elas ao Brasil.

Alforria concedida, juntaram 7.000 pesos (ou US$ 14 mil) e compraram uma caminhonete Kia Carnival usada para a viagem -que vão colocar à venda assim que retornarem a Santiago. "Cada um deu o que podia."

Compraram ainda barracas individuais, sacos de dormir, correntes para o pneu do carro (item obrigatório para quem atravessará a cordilheira, por causa da neve) e mesas e cadeiras para se sentar em torno da churrasqueira.

Calculam que vão gastar ainda, no Brasil, 300 mil pesos cada um (ou US$ 600), contando com a gasolina.

O grupo vai a todas as cidades em que a "La Roja", como é chamada a seleção, jogar ou se hospedar: Cuiabá, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Por enquanto, eles só têm entradas para o jogo do Chile contra a Austrália, em Cuiabá, no dia 13 de junho. "Tá tudo certo. A ideia é participar da festa. É como se voltássemos a ser adolescentes, mas agora com um pouco mais de dinheiro e estrutura."

Querem também conhecer algumas praias. O plano é passar 15 dias no Brasil.

E, se o Chile seguir até a final, no Maracanã, no dia, eles mandam tudo às favas e seguem no país até o fim do Mundial. "Eu já me conformei, perco o emprego", diz Francisco Pino, 35, analista de sistemas do metrô.


Endereço da página:

Links no texto: