Folha de S. Paulo


Produção de calçados cresce, mas não impacta emprego

Cassiana Der Haroutiounian
Sapato Cavage

A produção física de calçados cresceu 4,5% no acumulado de janeiro até agosto, em relação ao mesmo período de 2016, segundo a Abicalçados (associação da indústria) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado, porém, não representa um sinal claro de retomada, afirma Heitor Klein, presidente-executivo da entidade setorial.

Além da base fraca de comparação, a percepção é que picos de fabricação de alguma empresa grande possam ter influenciado o resultado.

Em abril e agosto, praticamente não houve crescimento, enquanto em março e maio a alta foi de dois dígitos.

"Quando há um aumento geral na produção, há também no nível de emprego, e não foi o caso. Em agosto de 2016 eram 303 mil pessoas na indústria de calçados, e, em setembro de 2017, são 299 mil", afirma Klein.

O setor não tem uma projeção para este ano, mas a tendência é de ligeira melhora.

"Há uma percepção de aquecimento do mercado doméstico por causa do Natal, que deverá ser melhor. E um quadro semelhante, um pouco mais positivo, deverá ocorrer nas exportações", diz ele.

De janeiro a setembro, houve uma melhora de 1,7% no número de pares de calçados brasileiros vendidos, enquanto, em dólares, o crescimento foi de 13%.

"Houve uma aceleração do preço médio, o que proporciona uma receita maior, mas a médio prazo esse encarecimento diminui a competitividade do produto brasileiro."

sapato

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Faculdades públicas com mensalidade querem verbas

A Aimes (associação que reúne as instituições de ensino superior municipais em São Paulo) tem buscado recursos do governo do Estado para suas 27 afiliadas.

As escolas, apesar de serem públicas, cobram mensalidades dos alunos.

As instituições foram criadas antes da Constituição de 1988, o que permitiu que elas continuassem a cobrança.

"Nossos orçamentos são fiscalizadas pelo tribunal de contas e não temos fins lucrativos", diz Marcos Bassi, presidente da associação e reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).

Sob argumento de que suas afiliadas não se beneficiam do Prouni, a entidade quer assinar três convênios com o governo estadual.

O mais ambicioso propõe concessão de bolsas a alunos de pedagogia e uma espécie de "residência docente" na rede estadual de ensino.

Cada aluno custaria R$ 34 mil ao Estado de São Paulo. A Aimes oferece 1.120 vagas desse curso por ano.

Um outro projeto prevê bolsas mensais de R$ 500 aos alunos de licenciatura.

A entidade propôs, ainda, que a Secretaria de Saúde faça aporte inicial de R$ 2 milhões em cada afiliada que tenha interesse em abrir o curso. Nove já formam médicos.

A coluna apurou que há receio da gestão estadual em enviar recursos a entidades que cobram pelo ensino.

Procurada, a Secretaria de Educação diz estudar a viabilidade das propostas. A Secretaria de Saúde não confirma nem nega ter recebido a proposta, mas afirma estar "aberta a sugestões".

Editoria de Arte/Folhapress
Mercado aberto ppp da iluminação
Mercado aberto ppp da iluminação

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Leviatã inovador

A maioria das grandes empresas depende de recursos públicos para investir em inovação e a crise econômica diminuiu os investimentos na área, aponta pesquisa da Fundação Dom Cabral com executivos.

Fundos de fomento públicos são a origem dos recursos para inovações para 53% dos entrevistados. Outros 18% afirmam que seus investimentos em inovação tem como origem o BNDES.

"Em países como EUA e China, com perfis mais inovadores, a maioria dos investimentos é privada", diz Hugo Tadeu, um dos coordenadores do estudo.

A crise econômica afetou a verba destinada à inovação em seus orçamentos, segundo quase todos (92%) dos executivos entrevistados.

Realizado anualmente, o estudo ouviu executivos de 25 companhias, 80% delas com faturamento anual superior a R$ 1 bilhão.

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Setor de luxo em ritmo chinês

O mercado global de luxo voltará a crescer neste ano após ficar estagnado em 2016, segundo a consultoria Bain & Company.

A projeção é que as vendas de bens e serviços deste setor totalizem € 1,16 trilhão (cerca de R$ 4,45 trilhões), um aumento de 5% em relação ao ano passado.

O aquecimento da demanda na Ásia é considerado um dos principais fatores de crescimento neste ano. A China sozinha deve movimentar
R$ 20 bilhões, um incremento anual de 15%.

Os consumidores chineses são responsáveis por 30% da receita global ao se considerar tanto o que é comprado dentro do país quanto em outros locais, como Japão e Europa, segundo a Bain.

Não há previsão de novos períodos de estabilidade do mercado de luxo nos próximos anos. A projeção da consultoria é que as vendas tenham, em média, um aumento anual de 4% a 5% até 2020.

luxo

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Ensino segura

Passada a crise, a representação de profissionais com pós-graduação nas empresas subiu 5 pontos percentuais, segundo dados da consultoria Great Place to Work.

Houve demissões de pessoas com pouca escolaridade e há incentivos para buscar qualificação, diz o diretor-executivo Ruy Shiozawa.

Profissionais com mais educação têm uma rede de contatos que garante mais emprego, diz Cristina Limongi-França, professora da USP.

A fatia...A proporção de pessoas que possuem pó-graduação no mercado de trabalho subiu de 7% para 12% de 2014 para o presente.

...dos estudados Os que têm graduação subiram de 25% para 29%, aponta a Great Place to Work.

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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS


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