Folha de S. Paulo


Fraudes em rede elétrica crescem com alta de tarifa e queda de renda

O número de "gatos" no sistema elétrico deverá se elevar em 2016 em decorrência do aumento das taxas de energia e da redução do poder aquisitivo das famílias, projeta o setor.

"Toda vez que se tem um reajuste na tarifa -e neste ano houve um significativo-, a inadimplência e as irregularidades avançam", diz o diretor-presidente da ABCE (associação das companhias de energia), Alexei Vivan.

"A tendência [de o número de 'gatos' crescer] é reforçada quando a renda da população diminui."

Na distribuidora AES, porém, o volume de perdas decorrentes das fraudes caiu neste ano. No terceiro trimestre, o apurado nos últimos 12 meses representou 3,36%. No mesmo período de 2014, chegou a 3,7%.

A taxa de inadimplência, por outro lado, subiu de 0,49% no acumulado entre janeiro e setembro de 2014 para 0,72% em 2015.

"Estamos preocupados por causa do preço da tarifa e das condições do país. Há a possibilidade de aumento nas fraudes à medida que a economia não melhore", diz Teresa Vernaglia, vice-presidente da companhia.

O valor médio das contas que não foram pagas também tem crescido, segundo a executiva. Conforme as companhias cortam o fornecimento de luz, aparecem mais casos de "gatos", explica.

"As irregularidades elevam os custos das empresas, que são obrigadas a gastar com fiscalização. Precisam instalar medição eletrônica e, em regiões complicadas, colocar redes mais altas ", diz Vivan.

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Gato escaldado

Paula Giolito/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, 24.11.2015: Ricardo Botelho, presidente da Energisa, na sede da empresa no Rio de Janeiro. Foto: Paula Giolito/Folhapress, MERCADO ABERTO
Ricardo Botelho, presidente da Energisa

Na Energisa, distribuidora que atua em quatro das cinco regiões brasileiras, a incidência de furto de energia elétrica é maior em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

A empresa destinou em 2015 R$ 110 milhões, entre investimentos e despesas operacionais, para a redução de "gatos" em empresas compradas em 2014, afirma o presidente Ricardo Botelho, presidente da Energisa.

"Quando o mercado cai, há um consumo menor e a perda percentualmente já aumenta. Se continuar, algumas empresas terão um aumento significativo",diz.

O índice de perdas não técnicas (por furto) de energia nessas novas distribuidoras caiu 3,35% no acumulado deste ano até setembro.

A companhia contratou cem equipes para fiscalizar, regularizar e blindar os "gatos" instalados, montou um centro de combate a perdas no Centro-Oeste e implantou telemedição em 6.120 grandes consumidores.

13
são as distribuidoras de energia da Energisa

9
são os Estados em que a empresa fornece energia para 6,4 milhões de clientes

2,28%
foi a alta da inadimplência no terceiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2014

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Pente fino

O Brasil ficou em 40º lugar, entre 118 países, no índice de qualidade de políticas públicas criado pela CNI (confederação da indústria). O primeiro colocado foi Cingapura.

"Somos a sétima economia do mundo, mas estamos muito aquém na avaliação", diz Pablo Cesário, da entidade.

Criado com base em dados de relatórios do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o estudo é a primeira parte de um projeto para propor ao governo um programa de avaliação.

"Queremos criar um debate para avaliar as políticas públicas e garantir a efetividade dos gastos", afirma.

"Em 2016, vamos visitar Estados Unidos, Chile e México para colher exemplos."

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Movimento de valor

Com 32% do volume, o setor financeiro foi o maior locador de espaços corporativos de alto padrão na capital paulista até setembro de 2015, segundo pesquisa da JLL. O Bradesco respondeu por 17%.

"Como é um segmento muito grande, qualquer movimentação se reflete em um movimento mais relevante", afirma Paulo Casoni, diretor da consultoria.

A área de prestação de serviços e seguros está em segundo lugar em volume de locações, com 9% cada uma.

O total de metros quadrados movimentados no período foi de 427 mil.

Dos contratos firmados, 74% foram em prédios de altíssimo padrão. A explicação é que há no mercado um alto volume de estoque de novos edifícios disponíveis e uma taxa da vacância de 25%.

Com a oferta maior, quando as empresas mudam, elas optam por um espaço melhor.

ALUGA-SE - Movimentação de locações no mercado de escritórios de luxo na capital paulista*, em %

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Pede truco

Uma carga com quase 60 mil jogos de cartas de baralho falsificadas com a marca da Copag foi apreendida pela Justiça no Porto de Santos.

Os produtos falsificados vieram da China e, caso fossem vendidos no mercado, valeriam cerca de R$ 500 mil, na estimativa do advogado da Copag, Eduardo Ribeiro, do escritório Siqueira Castro.

"Já ocorreu uma venda da mercadoria, ainda que internacional, ou seja, alguém ganhou dinheiro às custas da marca", afirma ele.

Cabe recurso da apreensão. Mas a importadora Marilliam deverá enviar a mercadoria de volta, diz o diretor William dos Santos. O pedido que havia sido feito ao fabricante foi para que as cartas viessem sem marca.

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Imposto... As operadoras de planos de saúde pagaram R$ 18 bilhões em impostos no primeiro semestre de 2015, segundo a Abramge (de empresas do setor). O valor chegará a R$ 36 bilhões neste ano.

...de peso A cifra é 11,5% maior do que em 2014, quando o número alcançou R$ 32 bilhões. A carga tributária será de 26,2% da arrecadação do segmento, de acordo com a projeção da entidade.

Expansão A empresa de roupa masculina Reserva deverá investir até R$ 10 milhões para abrir entre dez e 15 lojas em 2016. A marca tem 44 unidades próprias e dez franquias.

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Hora do café

Lederly
hora do cafe charge

com LUCIANA DYNIEWICZ, FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e CLÁUDIO GOLDBERG RABIN


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