Folha de S. Paulo


Dólar alto eleva custos de hospitais privados em 20%

Dependentes de importações para a troca de equipamentos, compra de materiais e de remédios importados, os hospitais particulares temem o aumento de gastos com a desvalorização do real.

Eles preveem crescimento de 20% dos custos caso o dólar continue a ultrapassar os R$ 4, o que causaria um deficit nas contas do setor, segundo Francisco Balestrin, presidente da Anahp, que reúne estabelecimentos particulares.

"Cerca de 40% dos gastos das instituições da Anahp em 2014 foram em materiais e medicamentos", diz Balestrin. "Elas podem desembolsar até R$ 2 bilhões a mais."

Desde o início do ano, o real teve depreciação de 33,3% ante o dólar.

A cotação afeta o preço de equipamentos, próteses e materiais para procedimentos invasivos, além de matéria-prima para a fabricação de remédios.

"Não podemos absorver esse incremento. Temos de renegociar preços com fornecedores e repasses com operadoras de planos", diz Antonio Alves Benjamim Neto, sócio do grupo capixaba Meridional.

Benjamim destaca que as empresas de equipamentos têm evitado elevar os preços, mas que as altas serão inevitáveis e prevê alta de custos de até 15% nos hospitais do grupo a partir deste mês.

"O setor precisa considerar também que, com o aumento do desemprego por um período maior, o número de clientes que usa planos de saúde deve diminuir", diz.

Daniel Marenco/Folhapress
Antonio Alves Benjamim Neto, do grupo capixaba
Antonio Alves Benjamim Neto, do grupo capixaba

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Remédio cambial

Se a desvalorização do real encarece a importação de medicamentos pela farmacêutica belga UCB, possibilita investimentos no Brasil, segundo Jean-Christophe Tellier, CEO global da farmacêutica.

"As dificuldades na economia brasileira são conjunturais, pensamos o país no futuro", afirma. O aporte de recursos no Brasil, onde a UCB não produz, não está indo para uma fábrica, e sim para a reestruturação da operação local.

"Somos uma companhia internacional investindo no Brasil, em um momento em que não se investe aqui", diz o presidente do laboratório no país, Francisco Piccolo.

"A oportunidade é agora: contratamos gente, fazemos contatos com universidades e implementamos estudos clínicos", relata, sem informar o valor investido.

A farmacêutica lançará dois novos medicamentos para casos de epilepsia, um em janeiro de 2016 e outro em 2017.

€ 3,3 bilhões é a receita global, o que equivale a R$ 14,5 bilhões

Karime Xavier/Folhapress
Jean Christophe Tellier, CEO da farmacêutica
Jean Christophe Tellier, CEO da farmacêutica

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Sacola vazia

As vendas do varejo na capital paulista deverão cair 5% neste ano na comparação com o ano anterior, de acordo com estimativas feitas pela Acsp (Associação Comercial de São Paulo).

Caso essa previsão se confirme, vai ser a primeira retração no comércio da cidade desde 2009.

"O crédito está mais caro e menos acessível à população, o aumento do desemprego já é notado e a renda não evolui como em anos anteriores", avalia o economista-chefe da associação, Marcel Solimeo.

A tendência de vendas mais fracas deve se estender enquanto a confiança do consumidor na economia se mantiver baixa e ele evitar fazer despesas além do necessário, segundo Solimeo.

"Da mesma maneira que o cliente está menos seguro, os comerciantes têm postergado gastos. Neste ano, as lojas trabalham com perspectivas pouco otimistas e estoques menores", afirma.

O cenário negativo poderá se refletir também nos resultados do Dia das Crianças, no próximo dia 12. Para o economista, as vendas que antecedem a data serão mais fracas do neste ano e insuficientes para melhorar as projeções.

COMÉRCIO FRACO - Volume de vendas na capital paulista, em %

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Perfil... Cerca de 25 mil currículos foram cadastrados, desde o dia 16 de setembro, no processo seletivo para as vagas do Comitê Rio 2016, organizador dos Jogos Olímpicos.

...olímpico São 5.000 postos de trabalho abertos para operadores de transporte e logística, entre outras áreas. Dos inscritos até agora, 68,64% são do Rio de Janeiro e 6,37% de São Paulo. A seleção será feita pelo grupo Manpower.

Laboratório A rede de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia receberá R$ 17 milhões para desenvolver suas atividades de pesquisa. O valor foi repassado ao CNPq pelo Ministério da Ciência.

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Hora do café

Lézio Júnio/Folhapress
Hora do café
Hora do café

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, DOUGLAS GAVRAS e CLÁUDIO RABIN


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