Folha de S. Paulo


'Um terço das aplicações vem pela internet', diz XP

O receio de investir pela internet, sem a intermediação de funcionários da gestora de recursos, vem caindo rapidamente. A avaliação é de Guilherme Benchimol, sócio e fundador da XP, que fechou o primeiro trimestre com R$ 20 bilhões de ativos em custódia (40% acima do mesmo período do ano passado).

Zé Carlos Barreta/Folhapress
Guilherme Benchimol, CEO e fundador da empresa de investimentos
Guilherme Benchimol, CEO e fundador da empresa de investimentos
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"O investidor brasileiro está mudando o hábito de conversar com alguém antes de aplicar. Ele estava acostumado a investir com um gerente de banco. Hoje eles se informam mais", diz Benchimol, que define a XP como um shopping que oferece produtos de diferentes instituições.

"Um terço dos clientes compara as aplicações disponíveis no site e investe sozinho. Há dez anos, entravam cerca de R$ 20 milhões por mês pela internet. Neste trimestre, tivemos o recorde de R$ 700 milhões de captação no período", afirma.

Apesar das incertezas da economia, a XP registrou nos primeiros três meses deste ano um recorde de receita (R$ 160 milhões) e de lucro líquido (R$ 27 milhões).

"Crescemos no período 300% acima do mesmo trimestre de 2014, o que nos surpreendeu. Tínhamos meta de R$ 24 bilhões para o fim deste ano, mas pensamos atingir R$ 28 bilhões", diz.

"Quando o cenário, está mais complicado, temos de ficar mais próximos do cliente e mostrar alternativas."

A bola da vez para 80% dos investidores da XP foram títulos de renda fixa, como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e CDBs. "Com juros a quase 13%, isenção de I.R. e cobertura do FGC [fundo garantidor até R$ 250 mil por CPF], elas ficam imbatíveis."

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Impressão no varejo

A Kalunga, varejista de materiais de escritório e suprimentos de informática, vai priorizar as lojas de regiões corporativas para a expansão de seu novo serviço, o de impressão digital.

Unidades nas avenidas Paulista, Faria Lima e Luís Carlos Berrini, em São Paulo, serão as próximas a receber os centros gráficos. O primeiro foi montado em Moema, também na capital.

"Assim como no nosso negócio principal, vamos suprir sobretudo as necessidades de escritórios, por isso a prioridade será introduzir o serviço [de impressão] onde há uma massa maior de clientes", diz Roberto Garcia, sócio da companhia.

Fabio Braga/Folhapress
Roberto Garcia, sócio da rede de materiais de escritório
Roberto Garcia, sócio da rede de materiais de escritório

A meta no médio prazo, no entanto, é levar a atividade para toda a rede de lojas, hoje com 136 unidades.

Para atender aos pedidos por telefone e internet, a empresa também montará um parque gráfico em seu centro de distribuição em Tamboré, na Grande São Paulo.

"É uma área em consolidação no país, diferentemente dos Estados Unidos, onde redes como Staples, Office Depot e OfficeMax já têm a impressão rápida em seu 'core business' [negócio principal]", afirma Garcia.

A Kalunga estima que poderá elevar de R$ 300 mil a R$ 1 milhão o faturamento mensal de cada loja.

R$ 2 bilhões é o faturamento projetado pela Kalunga para 2015

15% foi a evolução no faturamento da empresa em 2014

3.200 são os funcionários da rede

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Planilha de custo

Os engenheiros brasileiros estão entre os mais bem pagos em 30 países pesquisados pela empresa de recrutamento Michael Page.

O piso dos salários no Brasil, convertido em dólar, aparece à frente de nações como Canadá, França e Alemanha em ao menos cinco posições de diretoria plena.

No cargo de diretor de construção, por exemplo, um profissional no Brasil ganha, por ano, entre US$ 150 mil e US$ 220 mil (cerca de R$ 470 mil e R$ 690 mil).

Editoria de Arte/ Folhapress

Nos outros três países, o rendimento anual fica entre US$ 100 mil e US$ 150 mil (de R$ 310 mil a R$ 470 mil.)

"Depois da superinflação de salários que ocorreu no país por causa da pouca oferta de engenheiros, as remunerações não crescem mais no mesmo ritmo, porém, se mantêm altas", diz Cristiano Aron, da recrutadora

Na Austrália, com os segmentos de mineração e de infraestrutura aquecidos, os salários são elevados para atrair expatriados e custear suas despesas.

"É preciso lembrar que o padrão de vida no Brasil é alto e o real, desvalorizado."

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Inadimplência comprovada

O total de títulos protestados no país avançou 23,3% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com pesquisa da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

O crescimento foi maior entre as dívidas vencidas de pessoas físicas (30,7%), na comparação com os protestos de empresas (19%).

"Os números seguem uma tendência, observada desde o fim do ano passado, de elevação nos diversos indicadores de inadimplência que são medidos", diz Flávio Calife, economista da entidade.

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Embora tenham avançado menos, os títulos de empresas representaram 60% do total de protestos no país nos primeiros três meses de 2015.

Entram no cálculo documentos não pagos como notas promissórias, boletos bancários e duplicatas, entre outros que podem ser registrados em cartório.

"As companhias enfrentam neste ano um cenário complexo, com baixa atividade e redução no consumo, o que diminui a capacidade de gerar caixa", afirma Calife.

"Além da queda de receita, os grupos estão com mais dificuldade de tomar crédito e sofrem com a elevação dos custos de produção."

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI


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