Folha de S. Paulo


Um mosquito transgênico na sopa da Anvisa

Dê uma busca na página da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o termo "OX513A", ou com o nome da empresa Oxitec. Resultado: zero.

Agora faça o mesmo na página da agência de fármacos e alimentos dos Estados Unidos (FDA). Aparecerá de cara um documento intitulado "Resultado Preliminar de Impacto Não Significativo". Data: março de 2016.

"OX513A" é o codinome de um mosquito transgênico desenvolvido pela empresa britânica Oxitec, que tem uma filial em Campinas (SP). Trata-se da arma que a biotecnologia quer incluir no arsenal do combate ao Aedes aegypti, vetor dos vírus da zika, da dengue e da chikungunya.

Mosquitos machos são geneticamente modificados para que sua prole morra antes de chegar à fase adulta. Soltos no ambiente, competem com machos selvagens e copulam com as fêmeas disponíveis (só elas picam e sugam sangue humano, transmitindo as doenças).

Testes iniciais no Brasil e Panamá mostraram que essa estratégia pode diminuir até 90% a população do aedes no local onde houve liberação dos transgênicos.

A FDA ainda está longe de aprovar o uso em escala comercial, veja bem. O resultado publicado nesta sexta (11) apenas dá o sinal verde para que se realize numa localidade da Flórida um teste similar aos que já ocorreram em Piracicaba (SP) e Juazeiro (BA).

No Brasil, autorização similar já foi dada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) -em abril de 2014. Há dois anos a empresa Oxitec aguarda, no entanto, autorização da Anvisa para lançamento comercial de seu produto.

A Anvisa não é obrigada, claro, a aprovar o mosquito OX513A. Mas seria recomendável que decidisse pelo menos quais serão as condições, testes e informações necessárias para que o processo caminhe.

No ritmo atual, nem parece que há uma epidemia de dengue e zika em andamento.

Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti


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