Folha de S. Paulo


Intolerâncias

Mesmo que refestelado em uma boa semana de dolce far niente, ainda que bem inspirado por crianças, sol e natureza, apesar de todas as bem aventuranças desejadas por amigos, conhecidos e leitores para o ano novo, sinto que 2013 começa sob o signo da intolerância.

Intolerâncias renovadas, quero dizer, nada de muito original em relação ao que vinha ocorrendo: o homem mata o rapaz pelas costas e diz que só queria dar uma furadinha, jovens estupradas se sucedem pelo mundo afora, a mulatinha pobre fica 8 horas com uma bala na cabeça, pró-petistas e pró-tucanos se ofendem à larga nas redes sociais, corintianos são cada vez mais bandidos, são-paulinos são cada vez mais viados, ninguém presta, ninguém vale nada desde que não pense igual a mim ou, que o digam os valentes negões do Milan, que não sejam da minha cor, branca é claro.

Quanto mais os meios se democratizam, quanto mais a informação se desloca facilmente, mais assombração aparece.

Entrar num portal de notícias, abrir um jornal ou navegar numa rede social é atividade de risco, acaba expondo o cidadão a uma torrente de incongruências pervertidas cada vez mais avassaladora.

Bom senso, respeito à opinião alheia, ponderação? Oras...

Entra ano e sai ano e permanece a célere jornada ignóbil tal cavalgaduras resfolegantes.

A esperança é que aparentemente a selvageria total ocorrerá em breve...

Ah, feliz Ano-Novo, ok?


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