Folha de S. Paulo


O dano do vírus zika

Diferentes fatores têm sido atribuídos ao nascimento de bebês com microcefalia (cabeça anormalmente pequena em relação ao padrão normal).

Desde causas genéticas e síndrome alcoólica fetal, passando por processos infecciosos de arboviroses –como agora, com o vírus zika–, disseminado pelo mosquito Aedes.

O zika foi isolado em macaco, em 1947, na floresta Zika, em Uganda. Cinco anos depois, foi detectado em humanos na mesma região. Em 1968, estava na Nigéria; da África alcançou a Polinésia Francesa e a Nova Caledônia, de onde, em navios cargueiros atravessando o oceano Pacífico, chegou no ano passado ao Chile.

Já nas Américas, para o vírus zika chegar aos criadouros brasileiros do mosquito Aedes era apenas questão de tempo. Em março deste ano, a Fiocruz constatou a primeira transmissão autóctone (dentro do território nacional) pelo vírus no Brasil, no soro de doentes do Nordeste.

Em 2013, um surto do zika infectou 28 mil pessoas na Polinésia Francesa, com 70 complicações neurológicas. Na revista "Eurosurveillance", M. Besnard relata a transmissão perinatal do vírus em duas gestantes. Os bebês evoluíram favoravelmente e sadios. Não houve aumento de mortes fetais ou de bebês prematuros.

Besnard avalia que graves doenças neonatais são também relacionadas a outras infecções disseminadas pelo Aedes, como a chikungunya e dengue. Por isso recomenda monitorar infecções perinatais pelo vírus zika.


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