Folha de S. Paulo


O título da Libertadores define também o técnico desta temporada

Eitan Abramovich/AFP
Jogadores do Grêmio carregam o técnico Renato Gaúcho após o título da Libertadores
Jogadores do Grêmio carregam o técnico Renato Gaúcho após o título da Libertadores

O Grêmio tricampeão da América consagrou o melhor time do ano, não apenas pelo título que havia três anos insistia em morar longe do país, mas porque o tricolor gaúcho foi quem jogou o futebol mais convincente na temporada.

O corintiano relutará em aceitar a constatação, com dois argumentos consideráveis, mas insuficientes: o Corinthians ganhou o Campeonato Brasileiro em pontos corridos, aquele que premia a regularidade ao longo do ano, e venceu o Grêmio, completo, em Porto Alegre.

É a pura verdade que torneios em mata-mata nem sempre apontam o melhor time, como é verdade, pelo mesmo raciocínio, que um jogo e/ou dois não definem superioridades.

A conquista gaúcha em gramado argentino eleva também Renato Portaluppi ao ponto mais alto do pódio dos treinadores nacionais em 2017, embora pareça justo conferir a Fábio Carille a medalha de ouro no Brasileirão.

Ponderará o fiel torcedor que faltou ao Grêmio enfrentar um clube papão sul-americano, diferentemente do que fez o Corinthians, em 2012, quando venceu o Vasco, o Santos e o Boca Juniors, além de ter feito campanha invicta em 14 jogos, o que é inegável, e de ter culminado com a vitória sobre o Chelsea que valeu o bicampeonato mundial.

Só que também o Vasco e o Boca não tinham grandes times, diferentemente do Santos de Neymar e Ganso.

O Grêmio, se disputou as finais contra um clube argentino de menor porte, eliminou o equatoriano Barcelona, que havia deixado Santos e Palmeiras pelo caminho, com uma exibição primorosa em Guayaquil, melhor até que a do primeiro tempo exuberante em Lanús.

O tricampeonato gremista lava a alma do futebol brasileiro e cria enorme expectativa para uma eventual finalíssima contra o poderoso, e favoritíssimo, Real Madrid de Cristiano Ronaldo e companhia.

Também o São Paulo, o Inter e o Corinthians disputaram o Mundial como azarões e venceram o Liverpool, o Barcelona e o Chelsea, porque um jogo é um jogo e pode ser muito mais que um jogo.

Dos 17 títulos brasileiros no torneio continental, cinco foram conquistados em vésperas de Copas do Mundo: em 1981, pelo Flamengo; 1993, pelo São Paulo; 1997 pelo Cruzeiro; 2005, outra vez pelo São Paulo e 2013, pelo Galo.

Apenas numa dessas vezes, a seleção brasileira ganhou a Copa em seguida, em 1994, o que, não é nada, não é nada, não é nada mesmo.

Entre os campeões gremistas não será exagero dizer que o goleiro Marcelo Grohe, o zagueiro Geromel, o meia Arthur e o atacante Luan poderão perfeitamente ir à Rússia, mesmo que apenas os dois últimos pareçam ter mais chances nos planos de Tite.

Depois de três anos sem nenhum time brasileiro nem sequer nas finais da Libertadores, é sim motivo de júbilo a façanha do Imortal.

Renato Portaluppi gozou os estudiosos e virou o primeiro brasileiro a ser campeão da América como jogador e técnico, porque Macunaíma é capaz das maiores surpresas.

Erga-se a estátua!

E, se a seleção trouxer o hexacampeonato, os supersticiosos poderão dizer que quando um Tricolor ganha a Libertadores as chances brasileiras aumentam na Copa, pois quem a venceu antes do tetra foi o São Paulo.


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