Folha de S. Paulo


Seleção corintiana

NENHUM OUTRO time do mundo tem tantos jogadores na recém convocada seleção brasileira como o Corinthians.

Dito assim, parece uma coisa fantástica e até 2014 seria mesmo. Depois do 7 a 1, porém...

Também não é tão fantástico porque dos quatro convocados (Cássio, Gil, Elias e Renato Augusto), apenas um é titular, embora devessem ser todos e mais Jadson.

Explique-se: para enfrentar, segundo Dunga, a "guerra" do Monumental de Núñez, em Buenos Aires, contra a Argentina, sem Lionel Messi, quanto mais entrosamento e jogadores experientes melhor. Ainda mais quando o próprio treinador trata o jogo como guerra e diz que a ausência de Messi não é tão importante, embora a presença de Neymar seja, o que nos faz crer que Dunga imagine que sejamos todos bobos.

Cássio é mais rodado que Alisson e disputa um campeonato mais competitivo do que o disputado por Jefferson.

Gil ao lado de Miranda seria muito mais garantia do que Marquinhos.

Elias e Renato Augusto se entendem sem olhar e se Jadson estivesse no grupo completaria o trio, com Lucas Lima, num quarteto valente e habilidoso que permitiria sonhar com a volta do velho modo brasileiro de jogar, o novo dos alemães, espanhóis etc.

Só que quem pensa em "guerra" deixa o futebol para depois, quem sabe contra o Peru, em Salvador.

E aí está porque ter quatro jogadores na seleção mais preocupa que agrada o torcedor corintiano, que teme vê-los desgastados para o que importa, o jogo contra o Vasco, no Brasileiro.

Além de a seleção brasileira ter deixado de ser selo de qualidade no futebol mundial.

A LIGA

A Primeira Liga que surge em três dos quatro centros mais importantes do futebol brasileiro (Rio, Minas, Rio Grande do Sul) não é a solução, mas tem uma importância vital: a de romper as amarras com a CBF e ser embrião do novo que, tomara, será um futuro com os clubes transformados em sociedades empresariais numa grande Liga Brasileira de Futebol.

Então, a ABF (Associação Brasileira de Futebol) cuidará da seleção e será uma sigla mais atraente, sem manchas, para seus patrocinadores como Ambev, Itaú, GM, etc.

Seu presidente, certamente, poderá viajar livremente pelos quatro cantos do mundo.

TABAGISMO

Ao escrever a coluna da última quinta-feira (22) desconhecia que o genial holandês Johan Cruyff também está diagnosticado com câncer de pulmão, fumante que fora até 1990, dentro dos vestiários, inclusive.

Aos 68 anos, é dele a frase: "tive dois vícios: o futebol e o cigarro. O futebol me deu tudo, o cigarro quase jogou tudo fora."

A coluna quis apenas homenagear uma mulher corajosa, Verónica (assim, com acento agudo e não com circunflexo), reiterar o malefício do tabagismo e revelar a atitude dos organizadores do Prêmio Vladimir Herzog, apesar do patrocínio da Souza Cruz.

Cruyff foi um dos ídolos do uruguaio Eduardo Galeano, o pai de Verónica.

Galeano e Cruyff são dois dos ídolos do colunista.


Endereço da página:

Links no texto: