Folha de S. Paulo


A voz do fã

Volta do reabastecimento, fim do monopólio de pneus, compostos mais duráveis...

Os resultados da maior pesquisa já feita com fãs da F-1 foram divulgados na última quarta-feira e trazem mais do que sugestões dos torcedores para melhorar o espetáculo, mote de sua realização.

Conduzida via internet e respondida por 217.756 pessoas em 194 países, a pesquisa é um belo retrato de como os fãs enxergam a categoria.

Se as propostas contidas ali serão adotadas ou não, é tema que já está na mesa de discussão das equipes. (E as primeiras reações indicam que quase nada vai ser aproveitado.)

O que mais chamou a atenção deste colunista, que considera válido para reflexão, é a demografia do torcedor: quem é, de onde vem, o que pensa, quais lembranças retém.

O Reino Unido ficou em primeiro lugar no número de respostas, seguido por França, EUA, Áustria e Alemanha. O Brasil foi o décimo.

Curioso... O segundo colocado não tem um GP há sete anos, o quarto só voltou ao calendário em 2014 o quinto perdeu sua corrida meses atrás. Por outro lado, países como Malásia, Cingapura e Bahrein, com lugares cativos no Mundial, não aparecem no top 10.

Parece que isso explica autódromos vazios ao longo temporada.

A idade média dos fãs é 37 anos, e 75% afirmaram seguir a categoria há mais de 10 anos. Cerca de 90% responderam que acompanham a F-1 pela TV, o que é esperado já que a FOM despreza o online. Mas há um ponto de atenção: em países onde as transmissões migraram para a TV paga, mais de 50% deixaram de ver as corridas ao vivo.

A Ferrari é a equipe favorita, o que não é nenhuma surpresa, seguida por McLaren e Williams.

O que surpreende, sim, é o piloto predileto do público: Raikkonen, justamente o mais avesso às estripulias armadas pelos departamentos de marketing das patrocinadoras. Depois vem Alonso, outro que não curte muito ficar dando tchauzinho para fãs.

Parece que essa turma do marketing não vem comunicando direito.

Qual década produziu os carros mais bonitos? Os anos 2000, para 32% dos fãs. Qual é o melhor piloto de todos os tempos? Senna, seguido por Schumacher e Prost.

O ponto nevrálgico surge na 12ª das 17 páginas do relatório. Fãs foram instigados a usar três palavras para definir a F-1.

Cara. Tecnológica. Chata.

Quando questionados a sugerir mudanças de cenário, pediram um esporte mais competitivo, mais honesto com os fãs e com menos peso dos interesses financeiros.

Parece que algo está errado.

A íntegra da pesquisa pode ser acessada pelo site da GPDA, a associação dos pilotos da F-1: www.gpda.motorsport.com


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