Folha de S. Paulo


Jogo dos sete erros

1) Se há algo que não falta na zona oeste do Rio é terreno vazio. Matagal. Mas decidiram fazer uma piscina, uma quadra e um velódromo justamente num pedaço onde já existia uma instalação esportiva --talvez pelo fato de não ser olímpica e, por isso, não render nada para o COB;

2) Confederação brasileira e federação do Rio até brigaram, mas aceitaram um acordo de reciprocidade, uma compensação com a prefeitura. Previa que Jacarepaguá só seria desativado quando um novo autódromo, em Deodoro, estivesse funcionando;

3) Anos se passaram e nada foi feito. Pilotos continuaram correndo num arremedo de circuito, o que sobrou após o Pan. Guard-rails estão caindo, não há água encanada, as arquibancadas são um convite ao tétano. Já houve categoria que comprou e instalou vasos sanitários, porque não havia lá;

4) O Rio ganhou os Jogos de 2016, e, nos últimos meses, o COI aumentou a pressão para que as obras do Parque Olímpico começassem logo. Acabou o amor, o que era sorriso virou cobrança --totalmente justificável;

5) Lembra daquele acordo? Obviamente já tinha ido pro saco. Como se não bastasse a má vontade da prefeitura, houve um empecilho ambiental. Deodoro tem trechos de mata atlântica, e o Ministério Público Estadual questionou a derrubada de árvores ali --discussão também claramente justificável;

6) As obras deviam começar. Preocupado, o governo federal chamou todo mundo para uma dura, em maio, em Brasília. A CBA teve que aceitar a palavra dos ministérios do Planejamento e do Esporte. A pedra fundamental do Parque Olímpico foi lançada há duas semanas;

7) Jacarepaguá começou a ser desmontado de vez, mas Deodoro ainda é só mato. O que era totalmente previsível em 2007, no primeiro dos erros e trapalhadas e desencontros apontados aqui.

O resultado de tudo isso: o Brasil perdeu um dos melhores circuitos do mundo. Em 2013, o Rio não terá autódromo. Terá em 2014, a última das promessas? Eu não coloco a mão no fogo. Parabéns aos envolvidos.

ACERTOS

Se autódromos fecham, não é por falta de corrida. Curitiba vai receber neste final de semana Mundial de Turismo, Brasileiro de Marcas, Auto GP (primeira vez no Brasil) e F-3. Falando em WTCC, a Honda confirmou a volta à categoria em 2013, com Gabriele Tarquini e Tiago Monteiro correndo de Civic --o português já faz as três últimas etapas deste ano.

ACERTO?

A McLaren aposta em novos defletores para tentar reagir no campeonato. Em Hockenheim, o discurso de Whitmarsh é na linha do "agora vai". Veremos até domingo. Mas, se não for, é bom a equipe já começar a pensar em 2013. Este Mundial, que começou com vitória de Button na Austrália, chega à metade com Red Bull e Ferrari na dianteira técnica.


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