Folha de S. Paulo


O tucanato paulista julga-se invulnerável

A ser verdadeira a informação de Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht, só a convicção da própria invulnerabilidade pode explicar que o tucano José Serra tenha permitido que seu nome fosse associado ao de José Amaro Pinto Ramos. Como até hoje as investigações das maracutaias ferroviárias não puseram um só tucano na cadeia, a ideia da invulnerabilidade faz algum sentido.

O doutor Pinto Ramos é um dos grandes operadores de Pindorama. No século passado, foi amigo de Paulo Maluf e Sergio Motta, em 1993 deu um bonito jantar a Fernando Henrique Cardoso em Washington e meteu-se numa encrenca emprestando dinheiro a um hierarca do partido Democrata. Operou com equipamentos ferroviários da Alstom, aparelhos de vigilância aérea para a Thomson francesa e passou pela caixinha da Odebrecht na contabilidade da construção do submarino nuclear. Esteve em todas, foi acusado de malfeitorias no Brasil, nos Estados Unidos e na Suiça. Jamais foi indiciado.

Desde 1995, o tucanato sabia que Pinto Ramos era radioativo. Segundo Novis, em 2006 a Odebrecht pagou 2 milhões de euros (R$ 5,4 milhões em dinheiro de hoje) a José Serra, e o ervanário ia para contas designadas por Pinto Ramos.

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