Folha de S. Paulo


Tira-teima com sabor olímpico

O futebol brasileiro já conquistou todos os torneios internacionais relevantes da modalidade, exceto o olímpico. Há dois anos, nos Jogos de Londres, faltou pouco para fechar esse cenário de campeão indiscutível de grandes eventos ao cair na decisão diante do México. O carrasco londrino é o rival desta terça na Copa do Mundo.

Embora já tenha levantado o troféu do Mundial em cinco oportunidades, sendo o seu maior detentor, a Copa é o estado de graça que toma conta da torcida brasileira a cada quatro anos, agora mais ainda por ser disputada em casa.

Emoções e sentimentos devem aflorar novamente na Olimpíada do Rio daqui a dois anos. Por isso, o confronto entre Brasil e México pode ser visto como algo especial, um tira-teima que vale mais do que um simples jogo de fase de classificação da Copa.

A queda na decisão dos Jogos Olímpicos desencadeou o afastamento do técnico Mano Menezes da seleção, que culminou com o retorno de Luiz Felipe Scolari, campeão na Copa-02. Diferentemente de seu antecessor, que dirigia as duas seleções, a principal e a olímpica, o novo comandante optou pelo time da Copa, enquanto o da Olimpíada ficou a cargo de Alexandre Gallo.

Depois de Londres, o Brasil ganhou a revanche contra o México em junho passado, na Copa das Confederações, competição menos emblemática do que o Mundial e a Olimpíada.

Para a Copa do Mundo, o México incluiu na sua relação de inscritos dez jogadores que estiveram na vitoriosa campanha olímpica, inclusive, o atacante Peralta, autor dos dois gols que fulminaram com o sonho brasileiro da medalha de ouro. O Brasil, por sua vez, conta com cinco dos que jogaram em Londres: Thiago Silva, Marcelo, Oscar, Hulk e Neymar.

Quando o novo comando da seleção assumiu –com o técnico Felipão e com o coordenador Parreira–, no final de 2012, nada se falou do planejamento olímpico. Entretanto, a confirmação do técnico Gallo na direção da seleção sub-21 marcou o pontapé inicial rumo a 2016.

O Brasil participa do futebol na Olimpíada desde Helsinque-52, na Finlândia. Ganhou três medalhas de prata e duas de bronze.

O torneio de futebol olímpico estabelece limite de idade para os jogadores: 23 anos, sendo que três atletas podem ultrapassar esse teto. Por causa dessa regra, hoje, a categoria sub-21 pode ser considerada como uma espécie de base do time olímpico.

A seleção brasileira dessa faixa etária está embalada. No último dia 1º conquistou pela segunda vez consecutiva o título do Torneio de Toulon, na França, conceituado nos meios do futebol como o mais destacado da categoria. Foi a oitava vez que o Brasil se sagrou campeão. É superado apenas pela anfitriã, a França, com 11 títulos.

Rodrigo Caio, 20, do São Paulo, que atuou no meio-campo como primeiro volante, foi eleito o mais destacado do torneio. Gallo chamou também brasileiros que defendem times europeus como Marquinhos, Douglas e Lucas Piazon.

No time da Copa, apenas Bernard, 21, está dentro da idade olímpica, mas jogadores como Neymar e Oscar têm chances de serem convocados para as vagas fora do teto.

A seleção do Felipão hipnotiza o Brasil, mas nunca neste país os olhos dos torcedores estarão tão voltados para novos jogadores como depois do Mundial. Renovação compulsória, com o charme do inédito ouro olímpico a desafiar o futebol mais vitorioso da Copa.


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