Folha de S. Paulo


Suicídio já provoca tragédias diárias no Brasil

A tragédia do voo 9525 da Germanwings trouxe o tema suicídio para o centro dos debates nos últimos dias, mas no Brasil esse tipo de morte já causa tragédias diárias.

Todos os dias, cerca de 28 brasileiros se suicidam e, para cada morte, há entre 10 e 20 tentativas. Em número de mortes, é como se a cada cinco dias um avião caísse sem deixar sobreviventes.

O suicídio é um grave problema de saúde pública que recebe pouca atenção não só do poder público como da sociedade de uma forma geral. Há muitos mitos e tabus em torno do tema.

O primeiro deles é achar que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar com suas vidas. Isso não é verdade. Fique ligado se um amigo ou parente manifestar esse desejo. Se a pessoa já tentou uma vez o suicídio, está muito vulnerável a tentar de novo e conseguir.

Também é preciso ficar atento ao estrago que mudanças inesperadas, como perda de emprego ou fim de um casamento, podem causar. Pessoas fragilizadas por depressão ou outro problema psiquiátrico nem sempre têm condições emocionais para encararem esses trancos da vida.

As estatísticas mostram que quase 100% das pessoas que se matam enfrentavam algum problema mental. Depressão e consumo de álcool e drogas são responsáveis pelo maior número de mortes.

Por isso, é preciso ficar atento quando a pessoa não demonstra interesse na vida ou nos outros, quando o vê o mundo em preto e branco e fica muito voltada para ela mesma.

Outra falsa ideia é de que a depressão atinge mais pessoas adultas. A taxa de suicídio de adolescentes com idades entre 10 e 14 anos aumentou 40% nos últimos 10 anos e 33% entre aqueles com idades entre 15 e 19 anos, segundo o Mapa da Violência 2014.

Segundo os psiquiatras, o adolescente pode apresentar sintomas diferentes por não conseguir expressar seus sentimentos de uma forma clara. Ele pode se trancar no quarto, não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da adolescência normal.

O que nós, leigos, podemos fazer para ajudar, além de sugerir a ida dessa pessoa a um profissional de saúde? Olhar mais à nossa volta, enxergar de fato nossos amigos e familiares. Conversar mais, ouvir mais. Muitas vezes a pessoa que pensa em se matar só precisa ser ouvida. Reside aí o grande sucesso do trabalho do CVV que, aliás, está com uma campanha nova.

Assistam

Sobre depressão, há uma ótima animação.

Vejam


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