Folha de S. Paulo


Inferninhos dão lugar a hotéis que cobram por hora na rua Augusta

Até alguns meses atrás, sono era o último sentimento que levaria alguém ao número 588 da rua Augusta: funcionava ali o inferninho Say, que cobrava entre R$ 20 e R$ 40 para o transeunte entrar e "tomar uma cervejinha com as meninas", como anunciava um funcionário na porta.

Hoje, o lugar cobra R$ 40 por uma hora de cama. Virou o Hotel Lumus e aluga quartos pouco maiores que um leito de casal para baladeiros que saem das casas noturnas dos arredores ou para amantes desabrigados.

Os apartamentos têm TV de tela plana, ar-condicionado e um banheiro onde não cabe um homem deitado. Uma diária custa R$ 80 em dias de semana e R$ 120 de sexta a domingo.

"Eu fico quando tomei demais ou quando arranjo companhia para passar a noite, sem obrigar a mina a olhar para a cara da minha mãe. Não é barato, mas pelo menos economizo com o táxi", diz o estudante Mário Diegues, 25, que mora com os pais em Santana.

Atravessando a rua, o número 579 engrossou a concorrência do filão. É lá que funciona desde o começo do ano o Hotel Shack, onde a diária custa R$ 90, e o período de 60 minutos sai por R$ 30. Às 2h de quarta (19), véspera de feriado, não havia vagas.

"A vantagem é que aqui dá para entrar de carro sem ninguém te ver, que nem em motel", diz o auxiliar administrativo Roéber Luz, 21, na recepção. Os hotéis declinaram pedidos de entrevista, mas a recepcionista do Shack afirmou que "acabou a sacanagem aqui".

Duas prostitutas ofereciam seus préstimos do lado de fora, na calçada da Augusta, mas nos corredores vazios do estabelecimento só se ouviam roncos.

O número 791 da via em breve sediará mais uma hospedaria. O Casarão, boate onde garotas vestindo o mínimo necessário dão ponto, termina a reforma de um hotel que funcionará em cima da balada. A casa não quis se pronunciar sobre a empreitada, mas funcionários afirmaram que no começo de 2015 já será possível dormir na casa que antes era iluminada por uma luz vermelha.

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FOTO DE PERFIL

Inês Bonduki/Folhapress
O dançarino Marcelo D'Avilla, com figurino cênico que inclui penduricalhos nos mamilos
O dançarino Marcelo D'Avilla, com figurino cênico que inclui penduricalhos nos mamilos

O dançarino Marcelo D'Avilla, 27, já bailou com Shakira e ministrou "aula de divas" (ensinar mulheres a requebrar sobre o salto). Mas agora fará arte de museu: é o curador do Música.Performance, festival que une DJs e artistas no sábado (29), no Centro Cultural Banco do Brasil. "Convidei só gente da minha geração", diz ele.
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CLODOVIL SAI DO ARMÁRIO
O número de peças desenhadas por Clodovil Hernandes (1937 - 2009) reunidas para montar um museu chegou a 40. Entre as doadoras estão Janete Boghosian (que representa Versace no país) e Cida Fontana, da família que fundou a Sadia. "Falta achar um local para expor o acervo para sempre", diz Maurício Petiz, diretor da empreitada.

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O DISPENSÁVEL INDISPENSÁVEL
Na França, ele é recebido com festa todo novembro por ser considerado o primeiro vinho da temporada a aparecer nas prateleiras. Uvas colhidas semanas atrás já foram pisadas, fermentadas e engarrafadas como Beaujolais Nouveau de Georges Duboeuf, que chegou ao Brasil. A safra novinha está à venda em garrafas de R$ 124,90 na Interfood (2602-7255) ou servida em taças no bar Número, nos Jardins, 3061-3995.

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A TECLA SAP DO JAPONÊS
O Chi Fu, popular restaurante chinês na Liberdade, se abrasileira aos poucos. A trupe de 12 garçonetes chinesas que mal falam português ganhou nos últimos meses uma integrante local, Jacqueline. "É normal, como tem muito brasileiro vindo, precisávamos de alguém para traduzir o cardápio", diz, com muito sotaque, um dos donos.


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