Folha de S. Paulo


Depressão e gastos exagerados

As compras e gastos exagerados geralmente estão ligados a uma ineficiência no planejamento financeiro ou até mesmo a uma doença mental. O tratamento ou apoio psicológico nesse caso é de suma importância, pois além de servir como suporte para o indivíduo, valerá também como prevenção ao desgaste (fisiológico e psicológico) proveniente das cansativas e intermináveis negociações com instituições de crédito e/ou credores.

Dessa população que apresenta características de compras e gastos exagerados, a grande maioria é originária da falta de educação e planejamento financeiro.

No entanto, os gastos exagerados (mesmo que em menor parcela) também podem estar ligados a doenças mentais, como ansiedade, depressão (principalmente nos transtornos bipolares) e compra compulsiva ou impulsiva.

Daremos especial atenção à depressão por causa da quantidade de relatos dessa doença e da sua importância do ponto de vista da saúde mental.

Depressão, dentro do senso comum, pode significar um sentimento temporário de tristeza ou luto, relativo a alguma perda afetiva ou financeira, frustração, desilusão, doença, incapacitação ou baixa autoestima.

Antes de explicar a doença, precisamos saber se ela é apenas um "traço de sintomas depressivos" ou o transtorno mental conhecido como "depressão maior", que deve ser diagnosticado por especialistas como psicólogos e psiquiatras (que muitas vezes atuam em conjunto).

Devemos considerar, para classificarmos a "depressão maior", que os sintomas estejam presentes por pelo menos 15 dias –e na maior parte desses dias–, causando sofrimento e incapacitação do indivíduo. Os principais sintomas são:

  • Diminuição da atenção/concentração com prejuízos de memória;
  • Pensamentos negativos (morte, culpa, etc);
  • Agitação ou lentidão psicomotora;
  • Alterações do sono e apetite.

O transtorno, quando bem diagnosticado, terá tratamento mais eficaz, que se dará por intermédio de medicamentos (geralmente antidepressivos) e psicoterapia (cognitivo-comportamental). Nos casos mais leves, as práticas complementares, como as atividades físicas e de lazer, assim como ioga, meditação e acupuntura, podem ajudar na melhora.

Vale observar ainda que, no caso da depressão associada às compras e aos gastos exagerados, o vínculo passa pelo transtorno bipolar.

Podemos explicar o transtorno bipolar como uma alteração entre períodos de muito bom humor e períodos de irritação e/ou depressão. Essas oscilações de humor podem ser muito rápidas e sua ocorrência varia com muita ou pouca frequência. O portador desse distúrbio se comporta com exageros variados e descontrole do bom senso, uma bomba prestes a explodir quando o assunto são as compras exageradas.

Importante reforçar que a depressão é uma doença com múltiplos componentes (biológicos, psicológicos e sociais). Ela é complexa e pode se manifestar de diferentes formas em cada indivíduo e com gravidades também muito variáveis.

Post em parceria com Adriano Reis


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