Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

Após alguns indicadores econômicos referentes à economia americana apresentarem resultado abaixo do esperado, as Bolsas dos Estados Unidos fecharam a semana que passou em queda. Os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 recuaram, respectivamente, 1,2%, 1,7% e 1,5%.

Parte do recuo dos índices acionários registrado na última semana foi ocasionado pela piora do PMI industrial dos EUA em dezembro – resultado mais fraco desde janeiro de 2014. Apesar de o índice ainda apresentar expansão de atividade, caiu de 54,8 em novembro para 53,9 pontos em dezembro. Isso significa que, no mês de dezembro, o setor industrial americano apresentou expansão, mas a um ritmo menor do que o verificado no mês anterior.

Segundo o instituto de pesquisas Markit, a desaceleração é reflexo de incertezas em relação ao crescimento da economia global, que implicou na diminuição da produção e dos novos negócios nos últimos meses.

Já a confiança do consumidor dos Estados Unidos teve leve aumento no mês de dezembro, para 92,6 pontos, ante os 91 pontos de novembro. Segundo Lynn Franco, diretora de indicadores econômicos do Conference Board, essa retomada modesta do índice teve relação com a avaliação mais positiva das condições econômicas e do mercado de trabalho.

Na Europa, as principais Bolsas fecharam em queda na sexta-feira (2) após o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, alertar que os riscos de o BCE não cumprir seu mandato de estabilidade de preços aumentaram nos últimos seis meses e que existe a possibilidade de a autoridade monetária adotar novos estímulos no início deste ano para ajudar no desempenho econômico da região.

Assim, os índices FTSE-100, CAC-40 e DAX, de Londres, Paris e Frankfurt, respectivamente, fecharam em queda de 0,28%, 0,48% e 0,42%.

Na França, o PMI industrial caiu de 48,4 pontos em novembro para 47,5 pontos em dezembro, o resultado mais fraco desde agosto, enquanto a expectativa dos analistas era de que houvesse queda menor, para 47,9 pontos.

Segundo o economista sênior da Markit, Jach Kennedy, a piora do setor industrial continua sendo ocasionada pela demanda fraca. Além disso, para ele, apesar de o governo adotar medidas para buscar reformas econômicas, uma mudança desse quadro no curto prazo parece improvável.

Os principais mercados asiáticos fecharam sem sinal único nessa segunda-feira (5). No Japão, a Bolsa de Tóquio recuou 0,24% devido às incertezas envolvendo o quadro econômico na Europa e ao baixo volume negociado. Já na China, o índice Xangai Composto subiu para 3,58% e atingiu a máxima desde 2009, devido à alta demanda por ações dos setores imobiliário e de commodities.

Apesar do bom resultado do índice Xangai Composto, o PMI industrial da China recuou ao menor nível em 18 meses e caiu de 50,3 pontos em novembro para 50,1 em dezembro. Isso indica que o setor ainda apresenta expansão da atividade, mas com desaceleração do ritmo de crescimento.

Nos próximos dias será divulgada a decisão da taxa de juros e o PMI de serviços do Reino Unido, o IPC anual da zona do euro, as atas da reunião da FOMC (comitê de política monetária dos Estados Unidos) e a balança comercial da China.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa brasileira iniciou 2015 em queda, registrando perda de 3% no primeiro pregão do ano. Parte desse recuo resultou da queda de 6,58% e de 6,15% nas ações preferenciais e ordinárias da Petrobras. A queda de 4,71% das ações ordinárias do Banco do Brasil impactou bastante o índice.

Já o dólar encerrou o mês de dezembro com alta de 3,49%, maior valor desde dezembro de 2005, e com avanço de 12,84% no ano de 2014.

Para 2015, a expectativa ainda é de valorização do dólar, o que possivelmente ocorrerá a um ritmo mais brando, mas persistente. Segundo o boletim Focus, o mercado estima que o dólar terminará 2015 em R$ 2,80 mas ainda existem analistas mais extremistas que apostam no valor de R$ 3,20 para o final do ano.

O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) terminou 2014 com alta acumulada de 6,87%, uma inflação maior do que a medida em 2013, de 5,63%. A principal pressão de aumento do índice foi de gastos relacionados à habitação, como aluguel, condomínio, conta de luz e alimentação.

Já a atividade industrial brasileira voltou a registrar expansão pela primeira vez desde agosto. O PMI subiu de 48,7 pontos em novembro para 50,2 em dezembro devido a uma melhora no nível de emprego e pelo aumento das novas encomendas. Apesar da ligeira recuperação registrada em dezembro, o PMI fechou o quarto trimestre com 49,3 pontos, ante 49,6 no trimestre anterior.

A confiança do setor de serviços subiu 1,3% em dezembro, após cair 2,1% em novembro, mas continua insuficiente para determinar a recuperação do segmento nos próximos meses.

Segundo Aloisio Campelo, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), para que haja recuperação do setor de serviços em 2015 será necessário um aumento nas atividades da indústria e do comércio.

Nos próximos dias será divulgada a produção industrial brasileira e o IPC mensal e anual do Brasil.

Post em parceria com João Luiz de Cerqueira César, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV


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