Folha de S. Paulo


Paraísos fiscais guardam 8% da riqueza do mundo, indica estudo

Pelo menos 8% da riqueza mundial, cerca de US$ 7,6 trilhões, estão em paraísos fiscais, segundo estudo de Gabriel Zucman, professor da London School of Economics, publicado no Journal of Economic Perspectives. O montante equivale ao dobro do PIB da Alemanha de 2013 - US$ 3,6 trilhões.

Desse total, US$ 2,6 trilhões oriundos da Europa; US$ 1,3 trilhão da Ásia e US$ 1,2 trilhão da América do Norte.

Especialistas estimam que esse valor pode ser ainda maior. O Boston Consulting Group calculou em US$ 8,9 trilhões no final de 2013; e o pesquisador James S. Henry acredita que o valor guardado em paraísos fiscais chega a US$ 32 trilhões, incluindo aí ativos não financeiros.

Paraísos fiscais são estados nacionais ou regiões autônomas onde a lei facilita a aplicação de capital estrangeiro, com pouca ou nenhuma cobrança de taxa de investidores, e que garante o sigilo das contas.

Só na Suíça, desde o ano de 1998 que investimentos estrangeiros crescem, ao ano, cerca de 4,6%. Essa prática representa um enorme problema para países que lutam contra evasão de divisas, e nem os esforços do G20, que desde a reunião em Londres, em 2009, combate o sigilo bancário entre países, afetaram os paraísos fiscais. Ao contrário. Desde então os ativos hospedados na Suíça cresceram 15%, e em Luxemburgo, 20%.

Nos centros emergentes da Ásia - Cingapura e Hong Kong - os investimentos estrangeiros aumentaram 28% no período de 2008 a 2013.

O estudo também apontou práticas de multinacionais norte-americanas que, para fugirem de impostos recorrerem a paraísos fiscais. Em 2013, 55% de sua renda no exterior estava nesses países, especialmente Luxemburgo e Cingapura, contra pouco mais de 20% há 30 anos.

Assim, nos Estados Unidos, os impostos pagos diminuíram 30% para 20% nos últimos 15 anos. O Bureau of Economic Analysis calcula em 3% a alíquota média paga pelas empresas dos EUA em paraísos fiscais.

Durante a reunião em Washington, EUA, em 2013, o G20 apelou mais uma vez que se adote uma norma internacional automática de compartilhamento das informações financeiras entre os países, com o objetivo de acabar com o sigilo bancário. Atualmente, se dois países contam com um acordo fiscal comum, são necessários dados detalhados como o nome da pessoa, empresa ou da instituição bancária, para solicitar informações sobre os suspeitos de evasão fiscal. Mas os paraísos fiscais ainda garantem privilégios e mantêm os sigilos bancários com mãos de ferro.

O estudo de Zucman leva em conta apenas os ativos financeiros - deixando de fora bens mobiliários ou imobiliários que também possam manter nesses paraísos fiscais.

Post em parceria com Rita de Sousa


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