Folha de S. Paulo


Vale a pena pedir descontos

Você tem o hábito de pedir descontos durante as compras, sobretudo se paga à vista e em dinheiro? Se sim, ótimo: você pratica um dos princípios da "Inteligência Financeira". Se por algum motivo (timidez, por exemplo) você ainda não tem esse hábito, é hora de começar, afinal, o ditado "quem não chora, não mama" se aplica no caso.

Vamos a alguns exemplos: uma determinada família realizou algumas compras ao longo de uma tarde. A primeira compra foi um par de sapatos por R$ 275. O estabelecimento comercial parcelava o valor em até três vezes, sem acréscimo. Contudo, se o pagamento fosse à vista e em dinheiro, haveria um desconto de 5% e o preço final cairia para R$ 261,25.

No segundo estabelecimento comercial foi comprado material de escritório que totalizou R$ 160. Aparentemente, o estabelecimento não daria descontos. Contudo, já no caixa e de posse do cartão de crédito para efetuar o pagamento, o consumidor (mesmo sem muitas esperanças, mas honrando um dos princípios da "Inteligência Financeira") resolve arriscar e pedir um desconto.

O funcionário do caixa dá um desconto de 4% para pagamentos em dinheiro. O consumidor, então, resolver mudar a forma de pagamento e aceita o desconto. O preço cai para R$ 153,60.

Na terceira loja, a família comprou equipamentos eletrônicos de fotografia e filmagem, o que totalizou R$ 380. Nesse estabelecimento o cliente conseguiu um desconto de 10% para pagamento em dinheiro.

Todo desconto deve ser sempre bem-vindo. O desconto pode até parecer pequeno, mas se fizermos algumas análises comparativas, concluiremos que de fato, não o é.

No caso do sapato, por exemplo, o desconto concedido de 4% equivalia ao rendimento de uma caderneta de poupança durante sete meses. Já para o material fotográfico teve um desconto concedido de 10%, o que equivale aos 10,84% ao ano do CDI, seja por LCI (Letra de Crédito Imobiliário) ou LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).

Reprodução

Enfim, caso esta família não tivesse batalhado pelos descontos, os gastos chegariam a R$ 815. Com os descontos, o valor total das compras caiu para R$ 756,85 e a família voltou para casa com R$ 58,15 a mais na carteira. O desconto geral foi de 7,13%.

Um estudo feito pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e pela Frente Parlamentar Mista do Comércio Varejista mostrou que 56% dos consumidores preferiam fazer compras à vista e que 90% deles esperavam um desconto.

Pedir desconto é, acima de tudo, batalhar pelo seu dinheiro e valorizá-lo. Deve ser encarado como uma ferramenta natural, digna e inteligente de educação financeira. Desconto deve ser sempre um pilar para bons negócios.

Artigo em parceria com o professor Fernando Antônio Agra Santos (Universidade Salgado de Oliveira), doutor em economia aplicada (UFV) e economista da UFJF (www.fernandoagra.webnode.com)


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