Folha de S. Paulo


Economia fraca faz índices de confiança despencarem em 2014

A desaceleração da economia brasileira está tendo reflexos nos índices de confiança medidos pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Os indicadores de confiança da indústria, serviços, comércio e consumidor tiveram queda expressiva desde o início do ano e registram variação negativa recorde (confira dados com mais precisão no gráfico abaixo).

A Copa, em vez de trazer benefícios ao país, trouxe um legado negativo ao criar um rombo no orçamento público e, com isso, amedrontar o setor empresarial - principalmente a indústria. O ano eleitoral também é um empecilho para o avanço dos índices de confiança, uma vez que os empresários esperam os resultados para investir ou não em suas empresas.

Segundo a FGV, o Índice de Confiança da Indústria recuou 5,1% entre abril e maio de 2014, ao passar de 95,6 para 90,7 pontos. "O resultado aprofunda o distanciamento do índice em relação à média histórica, de 105,5 pontos, ao registrar a maior variação negativa na margem desde dezembro de 2008 (-9,2%)", informa a instituição.

No segmento de serviços, o resultado não é diferente. O Índice de Confiança de Serviços caiu 5,7% em maio, em relação a abril. O recuo foi recorde desde abril de 2009, passando de 113,3 para 106,8 pontos. "Das 12 atividades pesquisadas, dez apresentaram redução da confiança entre abril e maio", informa a FGV.

No comércio, a queda da confiança em maio, em relação ao mesmo período do ano passado, foi a terceira consecutiva, trazendo preocupações ao setor. A queda foi de 4,4%. O índice médio do trimestre ficou em 117,4 pontos, o menor da série histórica iniciada em março de 2010.

Samy Dana/FGV

"Com o resultado, os indicadores da Sondagem do Comércio sugerem arrefecimento do nível de atividade econômica do setor no segundo trimestre", prevê a instituição.

Diante deste cenário negativo em todos os setores, a confiança do consumidor ficou inevitavelmente no vermelho também. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 3,3% entre abril e maio de 2014, ao passar de 106,3 para 102,8 pontos. Com o resultado, o índice manteve-se abaixo da média histórica, de 116,4 pontos, pelo 16º mês consecutivo.

"A preocupação dos consumidores com relação ao orçamento doméstico parece se estender para os próximos meses. O indicador que mede o grau de otimismo em relação à situação financeira familiar foi o quesito que mais influenciou a queda do ICC esse mês, ao cair 3,4%, para 124,7 pontos, o menor nível desde fevereiro de 2010", conclui a FGV.

De forma geral, o empresário está em cima do muro. Os negócios são levados em banho-maria. Não há grandes investimentos, mas também não há empresas sendo fechadas. Com medo de um futuro cada vez mais próximo, ninguém investe e entramos na crônica da crise anunciada.

Post em parceria com a jornalista Patrícia Basílio


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