Folha de S. Paulo


Alavancagem no Brasil e no mundo

A expansão do crédito foi o principal motor de crescimento do Brasil. O estoque crédito/PIB (Produto Interno Bruto) saiu de 20% em 2002 e já está próximo a 57%. Houve forte expansão no crédito imobiliário, para consumo e para automóveis.

O crédito nos bancos públicos também aumentou de forma considerável e o tesouro injetou mais de R$ 300 bilhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desde 2008.

A imprensa internacional tem destacado recentemente o excesso de endividamento e a alavancagem dos consumidores e empresas brasileiras, além da forte expansão da dívida bruta por conta das capitalizações do BNDES.

O problema não é a relação do crédito em relação ao PIB, e sim a qualidade dele. Com as enormes margens de lucro, o crédito privado brasileiro está entre os mais altos do mundo. As taxas de juros dos bancos para cartões de crédito e cheque especial chegam a 12% ao mês e, em muitos casos, ultrapassam 200% ao ano - valor exorbitante quando comparado aos 9,5% ao ano da taxa Selic, que pode ser considerada como a taxa básica de referência para a política monetária do país.

Como fica o Brasil em comparações internacionais?

Samy Dana/WSJ

O gráfico acima mostra o grau de alavancagem do setor público e privado para diversos países no mundo. Em países como Irlanda, Itália e Espanha, por exemplo, é possível observar que o total do endividamento público e privado extrapola a produção anual de bens e serviços, ou seja o PIB.

Na figura, o Brasil está em uma região confortável, ou seja, nossa alavancagem não é perigosa. O que preocupa é a qualidade do crédito.

Post em parceria com Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora e professor da EESP/FGV


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