Folha de S. Paulo


Investimento em áreas estratégicas é segredo para o crescimento

Joel Silva/Folhapress
O ministro Moreira Franco (PPI) se reúne com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e com empresários
O secretário Moreira Franco (PPI) se reúne com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e com empresários

A economia não é uma "ciência". É uma modesta disciplina que usa o método "científico" para acumular conhecimento que são muito úteis para a boa administração econômica das sociedades. Por sua própria natureza a interpretação dos eventos econômicos é condicionada pela "visão do mundo" do observador-economista. Ele as explicita em "modelos" que têm que resistir à lógica da narrativa interna, à tortura dos "fatos" e à rigorosa capacidade de reprodução externa por outros economistas. A economia é uma generosa igreja que abriga todas as possíveis "visões do mundo" e seus membros tendem a segregar-se em "escolas" que disputam a "verdade".

As "escolas" divergem em coisas muito importantes. Por exemplo, se o sistema econômico deixado a si mesmo (sem a intervenção estatal) é capaz de manter o equilíbrio do pleno emprego. Mas todas concordam que o desenvolvimento econômico (que é sinônimo do aumento da produtividade do trabalho) depende dos investimentos em infraestrutura que normalmente são feitos pelo governo ou por sua orientação e estímulo ou em equipamentos de qualquer natureza feito pelo setor privado.

O governo Dilma assistiu a uma queda da eficiência do investimento público pela hipercentralização das decisões e pelo voluntarismo da política econômica que aumentava o "risco" do país ao mesmo tempo em que, nas concessões, exigia uma redução da taxa de retorno! Essas contradições assustaram o setor privado, que reduziu também o seu investimento, o que explica a recessão que estamos vivendo.

O governo de Michel Temer criou o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), que, esperamos, não será mais uma das ilusões midiáticas com as quais nos acostumamos. Há sérias esperanças porque ele foi entregue a um político habilidoso e experiente, o ex-governador Moreira Franco, que se cercou de profissionais altamente competentes em matéria de leilões, que atraiu o Conselho Administrativo de Defesa Econômica para prevenir "a priori" a formação de cartéis e vem estimulando o setor bancário privado (além do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e do BNDES) a construir um sistema de financiamento suficientemente atrativo para dar concretude a projetos de infraestrutura com alta taxa de retorno e rápida geração de caixa. Não parece adequado, entretanto, o comportamento contraditório do governo com relação às agências reguladoras.

A grande promessa é a melhoria da qualidade das agências reguladoras, o absoluto respeito aos contratos e a aceitação dos resultados de leilões bem feitos. É isso que os investidores nacionais e estrangeiros estão esperando em um mundo cuja taxa real de juros é negativa!


Endereço da página: