Folha de S. Paulo


Rock'n'roll básico, e rápido, sem firulas

Nenhuma discoteca de rock está completa sem o Creedence Clearwater Revival. E, para quem não tem nenhum dos seis álbuns clássicos que a banda lançou entre 1968 e 1970-- "Creedence Clearwater Revival", "Bayou Country", "Green River", "Willy and the Poor Boys", "Cosmos Factory" e "Pendulum"--, a coletânea tripla "Ultimate Creedence", que acaba de sair no Brasil, é indispensável.

O Creedence foi um dos grupos de rock mais importantes e influentes da América. Faziam um rock sulista, com grande influência do rockabilly de Jerry Lee Lewis, mas eram de El Cerrito, na Califórnia. Apesar da proximidade com São Francisco, o Creedence não tinha nada da psicodelia típica das outras bandas da cidade, como Grateful Dead e o Jefferson Airplane. O negócio deles era rock'n'roll básico e rápido, sem firulas.

O gênio da banda era John Fogerty, cantor, guitarrista e seu principal compositor. Os outros três --o irmão de John, o guitarrista Tom Fogerty, o baterista Doug Clifford e o baixista Stu Cook-- sempre foram coadjuvantes do talento inesgotável de John, o que criou ressentimentos e culminou com o fim precoce do grupo, em 1972.

O racha foi para sempre. Os últimos 40 anos foram marcados por brigas e processos. Os irmãos Fogerty não fizeram as pazes nem quando Tom morreu de Aids, em 1990, depois de receber uma transfusão de sangue contaminado. Em 1993, a banda foi escolhida para o Hall da Fama do Rock, mas John se recusou a tocar com Stu e Doug.

A exemplo de muitos artistas extraordinários, John Fogerty tinha uma personalidade forte e comportamento imprevisível. Não permitiru que o show da banda fosse incluído no disco e documentário "Woodstock" e, por anos, não tocou nenhuma música do Creedence.

Nos últimos anos, voltou atrás, e já fala em uma possível reunião com seus ex-colegas. Seria a chance de as novas gerações verem, ao vivo, uma das bandas mais poderosas que o rock já conheceu.

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DISCO

Ultimate Creedence ****
ARTISTA: Creedence Clearwater Revival
GRAVADORA: Universal Music
QUANTO: R$ 59,90

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CONEXÕES

FILME

WOODSTOCK - EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO: 40 ANOS ****
John Fogerty tirou o grupo do filme e da trilha sonora do festival. Mas esta edição comemorativa, lançada em 2009, traz imagens até então inéditas da banda.
DIREÇÃO: Michael Wadleigh
DISTRIBUIDORA: Warner Home Video (locação)

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DISCO

WROTE A SONG FOR EVERYONE - JOHN FOGERTY ***
Em seu décimo álbum solo, Fogerty revisita clássicos do seu repertório em duetos com artistas como Bob Seger ("Who'll Stop the Rain"), entre outros.
AUTOR: John Fogerty
GRAVADORA: Sony Music
QUANTO: R$ 27,90

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LIVROS

HHhH ****
Laurent Binet; tradução de Paulo Neves (Companhia das Letras, 344 págs., R$ 51)

Premiado romance do francês Laurent Binet sobre dois paraquedistas tchecos que, em 1942, são enviados em uma missão para assassinar Reinhard Heydrich, chefe do serviço secreto nazista. O livro mistura fatos históricos com ficção, em que o autor conta como se envolveu com a história. Impossível parar de ler.

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IRON MAN - MINHA JORNADA COM O BLACK SABBATH ***
Tony Iommi; tradução de Tatiana Leão (Editora Planeta, 400 págs., R$ 39,90)

Aproveitando que a turnê do Black Sabbath passará pelo Brasil em outubro (dia 11 em São Paulo), a editora Planeta lança a autobiografia de Tony Iommi, guitarrista da banda e criador de alguns dos "riffs" de guitarra mais marcantes do heavy metal.

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Folhapress
Ronnie Von durante desembarque após retorno dos Estados Unidos, em janeiro de 1968
Ronnie Von durante desembarque após retorno dos Estados Unidos, em janeiro de 1968

A MÁQUINA VOADORA - RONNIE VON ***
(Polysom, R$ 77,80)

A Polysom está relançando, em vinil, três discos psicodélicos que Ronnie Von lançou entre 1968 e 1970. Para quem acha que o "Príncipe" só cantou amenidades como "A Praça", ouvir esses LPs lisérgicos e experimentais será uma bela surpresa.


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