Folha de S. Paulo


Portugueses querem batizar planeta com nome "Saudade"

Astrônomos de Portugal criaram uma campanha para batizar um conjunto de planetas fora do Sistema Solar -os chamados exoplanetas- com nomes que homenageiam o país.

A iniciativa faz parte de um concurso mundial promovido pela União Astronômica Internacional para atribuir alcunhas mais charmosas a esses objetos, hoje somente conhecidos por sua complicada nomenclatura técnica.

Os cientistas portugueses querem rebatizar a estrela mu Arae, que fica a cerca de 50,6 anos-luz da Terra, e os quatro planetas que a orbitam.

Reprodução/IAU
Concepção artística da estrela mu Arae e seus planetas
Concepção artística da estrela mu Arae e seus planetas

O sol passaria a se chamar Lusitânia, primeira designação do território que hoje é Portugal. Já o primeiro planeta que foi descoberto no sistema seria Caravela, embarcação que é símbolo das grandes navegações.

O segundo, que tem massa equivalente a 10,6 vezes a da Terra, seria o Adamastor: uma referência ao mito do monstro marinho gigante que impedia os navegadores de cruzarem o antigo Cabo das Tormentas, hoje Cabo da Boa Esperança (África do Sul).

O nome do terceiro planeta, Esperança, tem dois significados, conforme os cientistas.

"Expressa tanto o sentimento dos portugueses durante a era dos descobrimentos quanto o novo nome dado ao antigo Cabo das Tormentas depois que o explorador português Bartolomeu Dias finalmente o cruzou, derrotando Adamastor".

O maior e mais distante planeta do sistema, com massa de 576,5 Terras, chamaria-se Saudade, em referência ao sentimento em si e à ligação que a saudade tem com o fado, "um gênero de musica típico de Portugal, recentemente escolhido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco", diz o texto.

PLANETAS HABITÁVEIS

O conjunto escolhido pelos portugueses é cientificamente bem interessante e guarda similaridades com o nosso próprio Sistema Solar. Além das órbitas parecidas com as de Mercúrio, Terra, Marte e Júpiter, dois dos planetas estão na chamada zona habitável. Ou seja: com possibilidade de água líquida e do desenvolvimento de vida.

O astrônomo Nuno Santos, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço da Universidade do Porto, teve um papel fundamental na caracterização do sistema. Para homenageá-lo, o Planetário do Porto apresentou a candidatura para batizar os novos planetas.

A votação, que comemora os 20 anos da descoberta do primeiro planeta fora do Sistema Solar, está aberta até o dia 31 de outubro e há outros concorrentes fortes.

Um grupo espanhol tenta batizar os mesmos planetas com referências ao escritor Miguel de Cervantes. A estrela levaria o nome do autor e, os planetas, o dos protagonistas de sua obra mais conhecida: Quixote, Dulcinea, Rocinante e Sancho. Além deles, japoneses, colombianos e outros grupos também estão no páreo.

No site da campanha, os cientistas portugueses dão mais detalhes do projeto.

Ficou com vontade de votar? É só clicar aqui.

Você acha que Portugal tem chances de ganhar essa? Pelo que eu vi, os demais concorrentes também são fortes e o desfecho ainda está imprevisível.


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