Após vários meses de especulação, a Marinha anunciou os planos de reconstrução da Base Antártica Comandante Ferraz, completamente destruída em um incêndio em fevereiro de 2012. O novo projeto será escolhido por meio de um concurso em parceria com o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).
Somente na próxima segunda-feira, quando entrará no ar o site oficial (concursoestacaoantartica.iab.org.br), serão divulgados novos dados sobre a iniciativa.
A Marinha já anunciou, no entanto, que o projeto deverá levar em conta aspectos considerados fundamentais, como a adequação às características e a sustentabilidade ambiental.
Divulgação Exército do Chile-25.fev.2012 |
Incêndio em fevereiro destruiu cerca de 70% da Estação Antártica Comandante Ferraz |
A nova base deverá ser maior, com cerca de 3.000 m², contra os 2.600 m² da anterior, além de mais moderna e feita com materiais mais adequados ao continente gelado.
O custo do projeto deve ficar em R$ 100 milhões, mas o orçamento só poderá ser fechado após a escolha do vencedor. Espera-se que a obra fique pronta até 2015.
Enquanto a nova estação não é concluída, serão instalados os chamados MAEs (Módulos Antárticos Emergenciais). Esses dispositivos permitirão que uma pequena equipe de militares volte a ocupar o local já a partir deste inverno.
A fase de limpeza da área incendiada já foi completado. Os destroços estão a bordo do navio mercante Germania, que deverá trazer esse material para o Brasil.
INQUÉRITO
Além da destruição da base, o incêndio causou a morte de dois militares da Marinha. Em dezembro, o Ministério Público Militar indiciou o sargento Luciano Gomes Medeiros por homicídio culposo (sem intenção de matar) e danos à estação. Ele era responsável pelo setor de máquinas, onde começou o fogo.
Apesar dos danos, o Proantar (Programa Antártico Brasileiro) não foi interrompido. As pesquisas continuaram a bordo de navios da própria Marinha e no módulo especializado Criosfera 1.
Distante 2.500 km de Comandante Ferraz, o módulo fica em uma área mais "profunda" da Antártida. Ele acaba de completar um ano em operação e já vem fornecendo dados em diversas áreas.
Recentemente, os cientistas se surpreenderam com a temperatura no local, que é mais baixa do que o esperado, atingindo -65°C n auge do inverno (julho e agosto).
"O Criosfera 1 mostra que a pesquisa sobre a Antártida pode ser feita cada vez mais fora da base, e ainda assim com qualidade", diz Jefferson Simões, chefe do projeto e diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Simões ressaltou que a base deve ter uma vocação mais voltada para a biologia e outros assuntos pertinentes à sua localização.
"A Antártida não é toda igual. Não dá para fazer tudo a partir da estação", disse.