Folha de S. Paulo


'Resistente', diretor do COI diz que topa mergulhar na baía de Guanabara

Local de competição da vela na Olimpíada do Rio de 2016, a baía de Guanabara tem sido uma das principais polêmicas dos Jogos até aqui.

Mas apesar das críticas sobre a poluição das águas, o diretor-executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional) Christophe Dubi reforça a posição do órgão de que não há possibilidade de um plano B para a competição – e diz que não se furtaria a um mergulho nas águas da baía para convencer os céticos de sua balneabilidade.

Provocado pela BBC Brasil sobre se seguiria os passos do secretário estadual de Meio Ambiente do Rio, André Corrêa –que recentemente se exibiu para as lentes do Fantástico, na TV Globo, em um banho na baía de Guanabara–, Dubi disse que não recuaria: "Estou preparado", afirmou. "Sou muito resistente", acrescentou rindo, sem dar detalhes de quando o mergulho poderia ocorrer.

Dubi antes quis saber se a reportagem da BBC Brasil lhe faria companhia, e mostrou disposição mesmo ouvindo que não.

Wang Zhao/AFP
Christophe Dubi, diretor-executivo do COI
Christophe Dubi, diretor-executivo do COI

As declarações de autoridades sobre a poluição da baía e o cumprimento ou não da meta de tratar 80% do esgoto que flui para o corpo d'água trazem diferentes versões, em uma 'novela' que vem ganhando novos capítulos ao longo dos últimos meses.

No fim de abril, o chefe de competições da Federação Internacional de Vela, Alastair Fox, chegou a dizer que as regatas olímpicas poderiam acontecer apenas nas raias do lado de fora da baía, caso as condições da água não melhorassem.

Na ocasião, Christophe Dubi afirmou que o tema seria levado à mesa de discussões da reunião de revisão de projetos entre o comitê organizador Rio-2016 e o COI, realizadas nesta semana no Rio.

Após a conclusão das conversas, no entanto, Dubi disse que não houve mudanças e que o evento-teste da vela já está sendo planejado em detalhes e vai usar todas as raias da baía.

Uma das principais velejadoras do Brasil, Martine Grael publicou foto com televisão encontrada na baía em protesto em janeiro de 2014.

"Não discutimos um plano B. O evento-teste [programado para agosto deste ano] acontecerá conforme o plano original, com três raias dentro da baía e duas fora. Não falamos absolutamente nada sobre um plano B", afirmou.

Dubi ainda reiterou que a promessa do governo do Rio de tratar 80% do esgoto despejado na baía até 2016 ficará de legado, ainda que ela seja cumprida depois dos Jogos. "O objetivo final segue 80%. Se isso será atingido logo antes dos Jogos ou logo depois, é um compromisso que permanece e que ficará de legado".

Carlos Arthur Nuzman, presidente da Rio-2016, também reforçou a ideia de que não haverá mudança de planos para a vela em 2016. "A competição será na baía, não tem outra hipótese que não seja essa. Tudo está sendo feito para ser na baía, tivemos vários campeonatos lá e nunca ninguém reclamou de nada".

NOVELA

Sete anos depois de o Rio ter se comprometido com a meta da baía na candidatura para os Jogos, ainda não se sabe se a promessa será cumprida. E ela tem sido tema de declarações dúbias e contraditórias das autoridades envolvidas, que ora confirmam o cumprimento da meta dentro do prazo, ora voltam atrás e dizem que não haverá tempo hábil para tanto.

A polêmica ganhou força com os protestos de atletas da vela por conta do lixo flutuante encontrado na baía de Guanabara e que, segundo eles, prejudica bastante as regatas. Ao longo do ano passado, em competições internacionais e temporadas de treino de equipes olímpicas, muitos velejadores se queixaram da qualidade da água.


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